Os Alentejanos gostam de se sentar à mesa para comer e beber bem e a gastronomia alentejana faz parte do nosso orgulho. A carne está quase sempre presente em pratos ricos e tradicionais que fazem as delícias de um bom garfo, mas também esta matéria prima deve primar pela qualidade para que o resultado final seja de excelência.
Noutros tempos muitas eram as famílias que criavam animais e os utilizavam depois na sua alimentação. Mas esta prática foi perdendo força com o passar dos anos e os consumidores passaram a comprar a carne nos talhos tradicionais.
O aparecimento das grandes superfícies veio alterar significativamente este hábito ainda assim, são muitos os consumidores que continuam a preferir comprar carne diretamente no talho.
A Rádio Campanário foi conhecer um dos talhos existentes em Vila Viçosa e tentar perceber o que continua a motivar os clientes para comprarem carne neste local. O negócio implantado em Vila Viçosa há cerca de 10 anos e é gerido num ambiente familiar.
Vítor Pernas é o responsável pela parte do talho, e conhece como ninguém as melhores peças de carne assim como a preferência dos seus clientes, que vão para além do concelho de Vila Viçosa estendendo-se já a concelhos vizinhos.
À nossa reportagem Vítor Pernas conta-nos que “o negócio vai andando.”
Perguntámos a Vítor Pernas o que, na sua opinião, leva as pessoas a preferirem comprar a carne que consomem no talho tradicional e quanto isto não hesitou “as pessoas normalmente procuram não o preço, mas sim a boa qualidade e é isso que nos diferencia das grandes superfícies.”
A clientela é muita, mas não consegue dizer-nos quantos quilos de carne vende por semana. Ainda assim garante que é muita pois “recebe carne quatro dias por semana”.
No que diz respeito à carne que tem mais saída refere “normalmente a carne de porco, e a parte das aves, nomeadamente o frango e o bife de perú. A vitela e o borrego sai menos mas ainda assim vai-se vendendo.”
Vítor Pernas garante o melhor aos seus clientes através dos seus dois fornecedores habituas- a Estremoz Carnes e a Trave Fino. Diz que os seus clientes “são uma mistura muito variada, mais novos, mais idosos, os de perto do estabelecimento assim como de fora.” Vítor Pernas adianta “temos clientes de todo o concelho mas também do Alandroal, de Borba, e de outros sítios.”
O proprietário deste espaço conta-nos como decorre todo o processo desde que a matéria prima chega à sua loja “quando a carne chega temos que desmanchar as peças e depois transformá-la e cortá-la da maneira que os clientes a queiram, pois os clientes chegam aqui ao balcão, pedem o que querem e nós fazemos na hora.”
Quando as peças de carne chegam ao estabelecimento são acondicionados numa câmara frigorífica e não de congelação e Vítor Pernas explica-nos a diferença “ é uma câmara de frio e não de congelação porque a carne é para estar ali por pouco tempo” identificando este fator como uma vantagem perante as grandes superfícies “ nós recebemos carne às terças, quartas, quintas e sextas-feiras, ou seja, só vou pedindo consoante vou precisando e dessa forma consigo ter a carne sempre mais fresca.”
Apesar da concorrência refere “temos mesmo muitos clientes e muitas vezes temos que pedir carne todos os dias”. Contudo não deixa de sublinhar que a pandemia de covid 19 fez com que o negócio se ressentisse um pouco “esta fase mexeu com tudo mas não é nada que não se possa resolver. A diferença é que no início da pandemia as pessoas compravam muito de uma só vez e agora já se vão contendo mais.”
Vende apenas carne alentejana e garante “a nossa qualidade é completamente diferente das outras, a cor, a textura, tudo é diferente e sabemos que é morta nos nossos matadouros” acrescentando mesmo que “muitas vezes, depois de sair do matadouro e quando chega ao seu talho ainda vem quente.”
“As pessoas preferem a qualidade e é isso que eu ofereço aos meus clientes em primeiro lugar” referiu ainda Vítor Pernas, dono deste estabelecimento comercial onde cada cliente é muito mais que isso pois os pequenos comércios tradicionais, diferenciam-se muitas vezes de outras opções, pela relação de proximidade que se vai gerando e onde o lema “um cliente, um amigo” se aplica cada vez mais.