A Real Irmandade de Nossa Senhora da Saúde de Évora em parceria com o Coro da Paróquia de Santo Antão realizou hoje, na Igreja de Santo Antão em Évora, uma Vigília de Oração pela Paz na Ucrânia, pela Paz no Mundo com a presença do Padre Ivan Hudz, sacerdote que acompanha a comunidade Greco-Católica Ucraniana na Arquidiocese de Évora.
A Rádio Campanário esteve presente e falou com o sacerdote que começou por nos referir “como homem não consigo ver esta guerra, não consigo ver o futuro nem quando acaba” acrescentando por outro lado que “Como homem de fé estou a ver que tudo se resolve.”
O Padre Ivan Hudz acredita que “com a ajuda divina tudo se resolve mas não é fácil esquecer e perdoar” ainda assim sublinha “espero que o povo ucraniano tenha coragem para se defender e coragem para se manter de pé, com dignidade.”
O sacerdote define que a prioridade é “restaurar a verdadeira paz para o povo ucraniano, o resto entregamos nas mãos do senhor, que nos dará força, através do espírito santo veremos toda a verdade .”
Analisando a situação enquanto homem e de acordo com a lógica humana, o Padre Ivan refere “ não estou a ver como conseguimos, sozinhos, resolver esta situação” tendo fé que “os Russos tenham coragem para reconhecer e aceitar esta cruz pesada dando como exemplo a segunda guerra mundial.”
Questionado sobre as ondas de solidariedade para com o povo ucraniano que têm surgido em todo o país, nomeadamente no Alentejo, o Padre Ivan refere “ os meus irmãos alentejanos são um espetáculo, dão tudo, até ao fim para ajudar os seus irmãos e tenho muito orgulho quando um alentejano diz “eu sou ucraniano” por isso , acrescenta “eu enquanto ucraniano tenho muito orgulho em dizer que sou alentejano e português, um bem haja a este povo português, alentejanos, ribatejanos, bracarenses, são diferentes mas todos iguais no coração e na alma.”
O Padre Ivan deu ainda conta que em Évora continua a decorrer uma campanha de recolha de bens a favor do povo ucraniano, nomeadamente nas instalações da antiga Peugeot, zona do Lidl em Évora e na Igreja da senhora da Graça.
Relativamente ao fato desta Vigília se realizar no dia do Pai, o sacerdote diz “falei sobre são José na homilia, mas tive medo de tocar neste ponto porque eu sei o que é perder pai porque perdi o meu quando tinha seis anos” acrescentando que neste momento “muitos pais que estão a lutar na Ucrânia as crianças apenas dizem que querem ver os pais em casa.”
Relativamente à forte participação de pessoas nesta vigília, o sacerdote disse “como sacerdote faz-me sentir um ser útil” ainda assim, diz “penso que podia fazer mais como sacerdote, mas o Alentejo é grande e não consigo fazer mais.”
“Para além de sacerdote também sou homem e tenho a minha família na Ucrânia por isso com estas orações comuns, com pessoas diferentes, sinto-me ligado em corrente recarrego as minhas baterias de fé como sacerdote ir trabalhar e dar o meu testemunho de fé e amor e de misericórdia e de paz” acrescentou ainda ao Padre Ivan.
O Sacerdote vive momentos de angústia e explica-nos porquê “a minha família não está a pensar sair da Ucrânia, tenho dois sobrinhos que estão na linha da frente, a minha irmã está lá, diz que não sai porque tem lá os filhos e eu estou aqui com o coração apertado, a fazer a minha missão, a rezar e a gritar para os céus a pedir que sejam protegidos.”
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