Decorreu hoje, pelas 16:00h, a visita de várias entidades à apresentação do projeto da obra da futura Creche Municipal de Mourão.
A Rádio Campanário marcou presença e falou com António Ceia da Silva, presidente da CCDR Alentejo sobre o que esta creche pode representar não só para o Município de Mourão, como também para o Alentejo, sobre a digitalização e também sobre o aproveitamento de edifícios para este tipo de projetos.
Questionado se esta seria uma grande obra para Mourão, António Ceia da Silva, em declarações à nossa redação, começou por referir que “não é uma obra só para Mourão, é para todo o Alentejo. Se nós temos hoje uma dinâmica empresarial muito forte, como eu disse, nas agências inovadoras, se nós conseguirmos a maioria e conseguirmos ter um milhão de euros de investimento privado, isso significa que os recursos altamente qualificados vão necessitar de escolas, senão não vão pagar. Vão necessitar de acessibilidade, de projetos de ordem cultural e de creches. É com muito orgulho que eu vou inaugurar um lar, mas é com três ou quatro vezes mais orgulho que eu vou inaugurar uma cresce, porque, de facto, temos que conquistar pessoas e, só o faremos, se tivermos essas condições. Perdemos cada vez mais pessoas, mas se, ao longo destes anos, se eu inaugurar muitas creches, podem ter a certeza que esse número se vai inverter e para nós é um motivo de felicidade”.
“As creches são uma solução. Como disse há pouco, em Almeirim, com a zona logística da Mercadona, a creche vai funcionar até à meia-noite, ou seja, as próprias creches, vão também ter que se adaptar à realidade dos pais, para corresponder àquilo que é hoje, o estatuto laboral que os pais têm, porque têm que trabalhar até determinadas horas e isso é que pode fazer a diferença para o território”, acrescentou.
O presidente da CCDR Alentejo falou ainda na problemática da digitalização, onde referiu que “foi falado no problema da Internet, mas se tivéssemos só esse problema éramos felizes. Necessitamos de acessibilidades, escolas, melhores cuidados de saúde e, obviamente, se não houver digitalização, como é que nós podemos recuperar os jovens que perdemos, se temos condições para assinar com a administração pública, que eles mantenham o vínculo e que possam vir trabalhar de Lisboa para estas zonas, mantendo o seu vínculo laboral, se não tiverem possibilidades de exercer o teletrabalho, ou seja, se não houver uma velocidade de Internet elevada, assim não é possível e é por aí que nós temos que ir e isso vai ser feito com um grande investimento nos próximos anos”.
“A digitalização é um dos fatores fundamentais e vai acabar, conjuntamente com as operadoras, vai participar o PRR, vão participar os programas regionais e vamos acabar com as zonas negras que existem no país e existem muitas no Alentejo para que haja essa qualidade de digitalização que nos permita trabalhar aqui e, até mesmo para a própria comunicação social”, frisou.
Durante a intervenção de António Ceia da Silva, este referiu que em momento algum Portugal teve tanto dinheiro para investira no que é necessário e também no combate à desertificação e o estímulo à natalidade. Questionado sobre esse assunto e se esta seria a altura certa para se dar esse passo, referiu que “sim, sem dúvida. Hoje em dia só se fala da Guerra na Ucrânia, fala-se das conversas telefónicas de determinados responsáveis do Governo mas, aquilo que eu acho que é importante falar é que o país tem estas questões financeiras únicas e que deve aproveitá-las ao máximo e que deve executar. A economia está a crescer como nunca, durante anos que Portugal era o país da Europa com um crescimento económico mais baixo, hoje é o país da Europa com o crescimento económico mais alto, mesmo assim reclamamos, dizia-se que Portugal tinha das maiores taxas de inflação, hoje em dia, apesar de ter subido imenso, temos das menores a nível europeu, dizia-se que tínhamos taxas de desemprego elevadíssimas e hoje tem das menores da Europa, portanto, importante é que nós temos que ter esperança , ser construtivos, começar a pensar nas coisa boas, as coisas más têm os seus sítios próprios para serem resolvidas, é para isso que existem instituições judiciais, é aí e não na televisão, a toda a hora, a todos os minutos, porque depois passa ao lado isto tudo que eu disse, ou seja, Portugal atinge objetivos de décadas e tudo isto não é dito, porque se prefere falar de telenovelas”.
Questionado sobre se este projeto de Mourão ser implementado num edifício já existente seria um ponto importante, Ceia da Silva referiu que “nós temos que recuperar edifícios que existem e que estão, nalguns casos, em condições de deterioração, que estão localizados no centro das localidades, temos que animar o centro das localidades. Nós fizemos durante muitos anos um erro, que foi a criação de bairros habitacionais em zonas afastadas e, hoje chegamos ao centro das cidades e não temos ninguém, temos algumas lojas, alguns escritórios e não há pessoas. A regeneração urbana é diferente da reabilitação urbana, a regeneração implica ser feita a reabilitação com pessoas e é isso que tem que ser feito”.