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Terça-feira, Setembro 17, 2024

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Pedro dos Santos poeta alentejano, Prémio Personalidade Literária Luís Vaz de Camões, em entrevista à RC.

Pedro dos Santos, um jovem poeta alentejano de apenas 27 anos, já conta com 11 obras publicadas e quase 200 prémios literários no seu currículo. Com uma carreira em ascensão, Pedro é um exemplo de como a paixão pela poesia, combinada com dedicação e aprendizagem contínua. Nesta entrevista à Rádio Campanário, conduzida por Augusta Serrano, Pedro dos Santos partilha a sua trajetória, desde as primeiras influências da sua avó, uma poetisa que o inspirou desde a infância, até à sua formação académica que consolidou a sua paixão pela escrita. O poeta revela ainda um dos seus grandes desejos é ver a sua obra incluída nos manuais escolares, para que possa inspirar e educar futuras gerações de alunos, permitindo-lhes explorar o mundo da poesia de forma acessível e enriquecedora.

Augusta Serrano: Com apenas 27 anos, já construiu um percurso notável na cultura, especialmente no campo da poesia. Pode-nos falar um pouco mais sobre o seu trajeto?

Pedro dos Santos: Quero parabenizar a si e a toda a equipa da Rádio Campanário pelo trabalho incrível que têm feito em prol do Alentejo, tanto na divulgação de informação quanto no apoio à comunidade. No que toca ao meu percurso, a minha paixão pela poesia começou muito cedo, inspirada principalmente pela minha avó, que também era poetisa. Cresci rodeado por poesia e literatura, e isso moldou a minha visão e o meu caminho. Aos 16, 17 anos, comecei a escrever mais seriamente, e foi graças ao incentivo da minha explicadora de português, Teresa Diogo, que decidi publicar o meu primeiro livro aos 19 anos. Desde então, publiquei 11 obras, cada uma delas refletindo uma fase diferente da minha vida e do meu desenvolvimento como escritor.

Augusta Serrano: Publicar 11 livros em tão pouco tempo é uma façanha notável. Como é que consegue manter essa produção literária tão consistente e de alta qualidade?

Pedro dos Santos: A chave está na combinação de paixão, disciplina e na constante busca por aprendizagem. Quando comecei a participar em coletâneas e antologias com outros autores, ainda muito jovem, tive a oportunidade de aprender com escritores mais experientes, o que foi essencial para o meu crescimento. Conhecer esses autores, muitos deles já bastante consagrados, permitiu-me absorver ensinamentos valiosos que aplico até hoje. Cada livro que publiquei é um reflexo dessa aprendizagem contínua. Além disso, a colaboração com a minha esposa, que é ilustradora, tem sido fundamental. Ela não só contribui com as ilustrações dos meus livros, como também traz uma nova dimensão ao meu trabalho, complementando a poesia com a sua arte visual.

Augusta Serrano: Os seus prémios literários são impressionantes. Pode-nos contar um pouco mais sobre o que considera ser o segredo para tanto sucesso?

Pedro dos Santos: Tenho tido a sorte de estar rodeado por mentores extraordinários, que me guiaram e encorajaram ao longo do meu percurso. Desde muito cedo, fui incentivado a participar em concursos literários, e esses desafios ajudaram-me a crescer como poeta. Até hoje, já conquistei quase 200 prémios, o que é algo que nunca imaginei quando comecei. Um dos prémios mais importantes foi o Prémio Personalidade Literária, Luís Vaz de Camões, concedido pela editora brasileira Vivarte. Recebi esse prémio pelo conjunto da minha obra literária, o que foi um grande reconhecimento do meu trabalho. O que realmente me ajudou a alcançar este nível foi a minha determinação em aprender e aplicar diferentes técnicas literárias, algo que considero essencial para evoluir como escritor.

Augusta Serrano: De onde vem a inspiração para a sua poesia? O que o move a escrever e a criar obras tão profundas e variadas?

Pedro dos Santos: A minha inspiração vem de várias fontes. A minha avó foi quem primeiro me ensinou a ver o mundo com olhos poéticos. Desde pequeno, ela incentivava-me a observar o mundo à minha volta e a transformar essas observações em palavras. Mais tarde, no meu percurso académico e profissional, desenvolvi técnicas que me ajudaram a expandir ainda mais a minha capacidade de criação. Além disso, tive a sorte de aprender com grandes autores, que me ensinaram a importância de dominar as técnicas literárias. Por exemplo, aprendi a aplicar acrósticos e outras formas poéticas que diferenciam a minha escrita. Para mim, a poesia é mais do que uma forma de expressão pessoal; é também uma ferramenta para comunicar e inspirar os outros. Um dos meus grandes desejos é ver a minha obra incluída nos manuais escolares, para que possa inspirar e educar futuras gerações de alunos, permitindo-lhes explorar o mundo da poesia de forma acessível e enriquecedora.

Augusta Serrano: Acha que é possível, em Portugal, viver exclusivamente da poesia?

Pedro dos Santos: Viver exclusivamente da poesia é um desafio, especialmente num país como Portugal, onde a literatura, e em particular a poesia, muitas vezes não têm o reconhecimento comercial que merecem. No entanto, acredito que é possível combinar a poesia com outras atividades culturais e profissionais. No meu caso, a poesia abriu-me portas para outras áreas da cultura e permitiu-me desenvolver um percurso mais abrangente. Por exemplo, através do Instituto Cultural de Évora, onde trabalho para promover a cultura no Alentejo, trazendo novos projetos e iniciativas que vão além da escrita. Portanto, embora seja difícil viver apenas da poesia, é possível criar um percurso que una a paixão pela escrita com outras formas de contribuir para a sociedade.

Augusta Serrano: Falou muito em sonhos durante a nossa conversa. Com 27 anos, já realizou muitos, mas qual é o maior sonho que ainda deseja alcançar?

Pedro dos Santos: Um dos meus maiores sonhos, que carrego desde a infância, é deixar uma marca significativa na poesia portuguesa. Quero que, mesmo depois de já não estar aqui, o meu trabalho continue a ser valorizado e a contribuir para a cultura do nosso país. Sempre que participo em competições internacionais ou represento a língua portuguesa lá fora, sinto uma grande responsabilidade em levar a nossa cultura ao mundo. O meu sonho é que essa contribuição seja reconhecida e que a minha obra inspire futuras gerações de escritores e poetas. No entanto, sei que este é um caminho contínuo, e estou determinado a continuar a trabalhar para alcançar esse objetivo.

Augusta Serrano: Eestamos certos de que continuará a alcançar grandes feitos na literatura. Muito obrigada por partilhar a sua história connosco e com os nossos ouvintes.

Pedro dos Santos: Muito obrigado, Augusta. Foi um privilégio estar aqui e poder partilhar um pouco da minha história, e espero continuar a contribuir para a cultura do Alentejo e de Portugal.

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