Tal como tem vindo a ser noticiado pela Rádio Campanário, foi recentemente formado o Grupo Coral dos Bombeiros Voluntários do distrito de Évora, tendo o mesmo realizado a sua primeira atuação na passada segunda feira (6 de janeiro), no Museu Nacional dos Coches em Lisboa, para uma plateia constituída pelo Corpo Diplomático Português, contando com a presença do Sr. Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
A Rádio Campanário acompanhou o Grupo Coral dos Bombeiros Voluntários do distrito de Évora e falou com Pedro Mestre, figura icónica do Cante Alentejano e responsável pelos ensaios do referido grupo coral.
Aos nossos microfones Pedro Mestre começa por explicar que “a tradição diz que no dia hoje (6 de janeiro) cantamos aos Reis, e é isso mesmo que trazemos aqui hoje”, acrescentando que “vamos interpretar um cantar aos reis tradicional de Portel”.
O professor Pedro Mestre considera que “não é de todo difícil organizar vozes que conhecem o cante, a dificuldade prende-se com o facto de os cantadores ser cada um de seu lugar”, lembrando que o grupo é constituído por bombeiros voluntários de diferentes corporações do Alentejo Central.
“O cante mantém-se vivo de acordo com aquilo que é a realidade de cada uma das terras”
Pedro Mestre
Pedro Mestre refere que “temos aqui cantadores de Portel, Reguengos de Monsaraz, Vila Viçosa, Redondo”, acrescentando que “a nossa intenção é integrar cantadores de todo o distrito”.
O professor explica que “temos de entender que na linha geográfica do Alentejo existem diferentes formas de cantar”, sendo “necessário conhecer aquilo que cada um tem de melhor e cozinhar num todo em prol da cultura tradicional”.
“O cante é a tradição mais genuína e mais pura que temos no Alentejo”
Pedro Mestre
Com esta iniciativa de formar um Grupo Coral de Bombeiros Voluntários “tentamos homenagear estes homens que se dedicam a ajudar o próximo e a fazer o bem”, declara.
Pedro Mestre afirma que “a intenção da Federação é manter este grupo e fazer com que ele se torne reconhecido”, acrescentando que “a cada ensaio as vozes irão ganhar sintonia e qualidade, e a cada atuação seguir-se-á uma nova”.
Embora a primeira atuação deste grupo tenha sido para uma plateia tão ilustre, o professor refere que “ainda não nos podemos considerar um grupo, precisamos de ganhar experiência e entrosar timbres e diferentes formas de cante”, no entanto, “temos condições para apresentar com qualidade as diferentes vertentes do cante”.
Este tipo de grupos não são inéditos, segundo nos conta Pedro Mestre, “o distrito de Beja já teve um Grupo Coral de Bombeiros Voluntários, mas faz todo o sentido que os Bombeiros Voluntários se manifestem através do cante”.
Pedro Mestre refere que “espero que esta atuação seja o pontapé de saída para um futuro risonho deste grupo, espero que esta iniciativa aporte qualidade ao grupo”.
Questionado pela RC sobre qual o motivo para ter abraçado este projeto, o professor afirma que “eu gosto de desafios e desde muito novo que estou ligado ao cante e a grupos corais, tenho estado ligado a tudo o que tem projetado o cante dentro e fora de portas (…) este é um desafio interessante e por isso aceitei”.
“Apesar de todo o conhecimento que tenho na área ainda hoje sou surpreendido com as formas de cante que vou encontrando pelo Alentejo”
Pedro Mestre
Pedro Mestre considera que “a distinção enquanto Património Imaterial da Humanidade é um marco na vida do cante”, acrescentando que “acabamos por ganhar mais carinho pela nossa região, qualquer alentejano tem orgulho em ouvir os seus cantares”.