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Quinta-feira, Novembro 21, 2024

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Perdemos a voz de Mourão. Mas o País perdeu a grande voz de Portugal

A televisão está ligada na sala de Ana Fonseca num dos canais onde só se fala da notícia que deixou as gentes de Mourão consternadas. Morrera Marco Paulo, o filho célebre da terra. “Coitadinho, já descansou. Tenho tanta pena”, lamenta a idosa, enquanto se senta no sofá para puxar pelas memórias que guarda do cantor, daqueles tempos em Marco Paulo ainda era apenas o João Simão.


“Ele brincava lá na rua. Sempre foi muito educadinho e humilde”, testemunha, relembrando como a família teve que se fazer à vida na área metropolitana de Lisboa, porque os tempos eram de dificuldades por estas paragens. “O pai era chefe das Finanças, mas tinha quatro filhos. Não dava para comer e pagar a renda de casa”.

Foi assim que Marco Paulo se afastou de Mourão, mas, já mais velho, nunca perdeu as origens de vistas. Nem a fama que alcançou dentro e fora do país lhe abanou os alicerces. “Vinha aqui muitas vezes falar com o meu marido e até iam juntos à água, numa fonte que há ali. Era aqui de casa. Sinto-me de luto, este dia é tão triste”, lamentava, sorrindo perante as lembranças da quantidade de vezes que aplaudiu o seu cantor preferido.

“Gostava muito de o ouvir cantar com os grupos corais alentejanos quando vinha a Mourão. Tinha uma voz!”, exclama, sustentando que perda foi nacional. “Nós perdemos a voz de Mourão, mas o País perdeu a grande voz de Portugal. Ele e a Amália foram os melhores de sempre”, elogia Ana Fonseca, enquanto o barbeiro da vila corrobora desta opinião.

Francisco Falcato assume que teria sido para si um privilégio poder tratar dos célebres “caracóis” que foram imagem de marca do cantor, mas nunca se proporcionou.

Ainda assim, Francisco Falcato fala de um “amigo” que era “quase família”, alinhando no conceito de que “a música em Portugal ficou mais pobre, porque perdeu a melhor voz de sempre. Ele e a Amália”, acrescenta.

Para esta sexta-feira Mourão decretou luto municipal anunciando bandeira a meia-haste nos Paços do Concelho. O autarca João Fortes fala de uma figura ilustre que chegou, por exemplo, a ajudar os bombeiros da terra, contribuindo com um donativo quando perderam uma ambulância. “Mourão perdeu Marco Paulo fisicamente, mas na memória da pessoas vão continuar as suas grandes músicas”.

Francisco Falcato fala de um “amigo” que era “quase família”, alinhando no conceito de que “a música em Portugal ficou mais pobre, porque perdeu a melhor voz de sempre

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