Padre Mário Tavares de Oliveira, diretor espiritual dos cerca de 90 peregrinos que partiram do Santuário de Nossa Senhora da Conceição, em direção ao Santuário de Fátima, fala à RC, ao final do quinto dia de peregrinação.
O grupo de peregrinos iniciou o seu percurso no Santuário de Nossa Senhora da Conceição, Vila Viçosa, encontrando-se na altura, a chegar a Constância.
“Já apanhámos chuva, já apanhámos calor, mas são as vicissitudes dos peregrinos”, declara o pároco, numa altura em que, segundo o mesmo, “o entusiasmo e a disposição entre todos vem aumentando”.
Mais que uma peregrinação geográfica até ao Santuário de Fátima, esta é, “para todos, uma descoberta. Caminhar para um lugar destes, é caminhar para si, ao íntimo de cada um […], em direção aquelas dimensões mais secretas, mais profundas, por isso também mais divinas dentro de nós. Em todos nós mora um santuário que é a presença de Deus no nosso coração”, declara.
Não se podendo esgotar na vertente física, padre Mário Vieira defende que, a peregrinação se deve estender “ao íntimo de nós mesmos, para consertar aquilo que em nós é ainda obstáculo na nossa relação com deus e na relação com os outros”.
Afirma que “a maioria das pessoas vem numa atitude de agradecimento e de procura”, e não para cumprir promessas, “por se sentirem obrigadas”.
“Cada um encontra o seu ritmo, tem a sua caminhada de fé”, diz o pároco sobre este grupo que, apesar de conter disparidades ao nível da ligação à igreja, se encontra ligada por uma “verdade única”.
“As peregrinações também peregrinam, também vão fazendo a sua caminhada”, afirma o pároco, descrevendo como o perfil do peregrino se tem vindo a alterar.
Antigamente existia “a ideia de que vinham a pé para Fátima, aquelas senhoras piedosas, lá da paróquia”, esclarece. Eram crentes maioritariamente do sexo feminino, e com idades superiores aos 50 anos.
Atualmente, existe participação de jovens na casa dos 20, 30 e 40 anos, “com uma dimensão cultural, porventura, mais significativa”, e também do sexo masculino, acrescenta.
O motivo também se alterou, não se prendendo tanto com o cumprimento de promessas, “a maioria destas pessoas que peregrina é gente à procura, gente que anda inquieta, que não anda satisfeita com o rumo que a história está a levar […], olha á sua volta e vê portas fechadas”, e procura na fé a porta para recuperar a esperança.
“Eu acho que esta gente é peregrina de Fátima, mas é peregrina da esperança, é peregrina do sentido da vida, é peregrina de tudo aquilo que a fé nos pode conferir”, acrescenta Padre Mário Tavares de Oliveira.
{gallery}vv_peregrinacao_317{/gallery}