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Quarta-feira, Outubro 30, 2024

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Plataforma apoia adaptação de montados ibéricos às alterações climáticas

Os donos de montados em Portugal e Espanha vão ter, a partir de segunda-feira, uma plataforma digital para os ajudar a decidir e a implementar medidas de adaptação daqueles sistemas agroflorestais às alterações climáticas.

A Plataforma de Apoio à Decisão para a Adaptação dos Montados às Alterações Climáticas, criada pelo projeto LIFE Montado-Adapt, vai ser lançada na segunda-feira, Dia Mundial da Árvore e da Floresta, indicou a Associação de Defesa do Património de Mértola (ADPM), no distrito de Beja.

Em comunicado enviado à agência Lusa, a ADPM, que coordena o projeto, explicou que, através da plataforma, um agricultor pode fazer um diagnóstico ao seu montado e depois obter indicação das medidas a aplicar e como para o adaptar às alterações climáticas.

O montado é um sistema agroflorestal que ocupa “uma grande parte do território do sudoeste da Península Ibérica”, sobretudo na região portuguesa do Alentejo e nas regiões espanholas de Andaluzia e Extremadura, refere a ADPM.

Segundo a associação, o projeto LIFE Montado-Adapt desenvolveu uma metodologia, designada Sistema Integrado de Gestão do Montado (SIGM), que visa “dar resposta aos principais impactos das alterações climáticas” nos montados.

Estes impactos são visíveis a vários níveis, nomeadamente no aumento do declínio e mortalidade das árvores, na diminuição da produtividade e da qualidade dos pastos, da produção pecuária e da água disponível, na degradação dos solos e na redução da rentabilidade económica das explorações, precisou.

Através do SIGM, foram desenvolvidas estratégias de adaptação que “visam dar resposta aos impactos presentes e futuros” e que resultaram na definição de 40 medidas de adaptação dos montados às alterações climáticas.

Nos últimos cinco anos, as medidas foram implementadas e experimentadas em 12 áreas piloto de montado em Portugal e Espanha, contou, referindo que “o passo seguinte é partilhar o conhecimento e a experiência” adquiridos com outros donos de montados “para que se possam replicar as soluções encontradas”.

Nesta lógica, o projeto desenvolveu a plataforma para apoiar e impulsionar os donos e gestores de montados a adotar as medidas para se tornarem “agentes de adaptação” às alterações climáticas.

Os donos de montados em Portugal e Espanha podem aceder e registar-se gratuitamente na plataforma, através dos ‘sites’ www.sigm.lifemontadoadapt.com ou www.lifemontadoadapt.com.

Após o registo, o agricultor terá de inscrever a sua exploração e responder a questionários referentes a cinco áreas chave: arvoredo, gado, água, solo e rentabilidade.

O resultado permitirá caracterizar a exploração e direcionar o agricultor para as medidas de adaptação prioritárias a implementar.

O agricultor receberá um conjunto de informações relativas a cada medida, como a razão, a forma, o contributo para a adaptação às alterações climáticas e a avaliação do custo de a implementar.

Também terá acesso a um pequeno vídeo que demonstra a importância e a aplicabilidade de cada medida e com testemunhos dos agricultores que as implementaram nas áreas piloto do projeto LIFE Montado-Adapt.

A plataforma disponibiliza ainda vários recursos de apoio, como uma lista de espécies de montado adequadas a cada tipo de clima e de solo, os aproveitamentos económicos e serviços de ecossistemas promovidos por cada espécie, conteúdos sobre a diversificação e apoio ao marketing de produtos do montado e apoios financeiros disponíveis.

Por fim, o agricultor, após preencher um formulário final, indica quais as medidas que pretende aplicar no seu montado, e, caso pretenda plantar árvores ou arbustos, poderá selecionar as espécies pretendidas e dispor da oferta de 100 exemplares pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas.

Desta forma, o agricultor passa a integrar a Rede de Montados Ativos na Adaptação às Alterações Climáticas, onde poderá obter apoio técnico ou material à implementação das medidas.

Segundo a ADPM, “o montado tem sofrido alterações na forma de gestão”, que “têm impulsionado o abandono ou a intensificação das áreas de montado”, o que conduz “à sua degradação”.

A esta “situação pouco favorável” juntam-se as alterações climáticas, “um dos maiores problemas” que afetam os montados.

Por isso, “é necessário introduzir novas práticas na gestão” para reduzir a “vulnerabilidade” dos montados às alterações climáticas e tornar os seus produtos “mais competitivos e diferenciados, compatibilizando a preservação da natureza com a manutenção da rentabilidade das explorações”.

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