O antigo matadouro municipal de Évora, foi inaugurado em 1886, e estava fechado e ao abandono há cerca de 35 anos atrás. O edifício, que durante um século serviu para centralizar a matança de gado, estava devoluto e servia ocasionalmente de armazém.
A reconversão de um antigo matadouro em espaço artístico e cultural ainda gera curiosidade. “Costumo brincar e dizer que agora somos um ‘criadouro’”, diz Mariana Mata Passos.
“Há artistas que, quando sabem que isto foi um matadouro, pura e simplesmente viram as costas e vão-se embora. Eu, pessoalmente, acho que isso é uma falsa questão, por diversas razões. Uma delas é que foi matadouro, mas já não é há 35 anos, portanto, mudou-se a função”, afirma Pedro Fazenda.
A desativação do matadouro municipal de Évora esteve relacionada com as próprias mudanças no mercado e com o aumento do consumo de carne, que obrigou a agilizar procedimentos e levar a matança para fora das cidades.
O escultor e fundador da associação diz que um dos motivos desta mística em torno do local prende-se com a forma como hoje encaramos a morte, com menos naturalidade. “A relação que havia com a morte até aos anos 70 era muito mais clara. Conheci (e conheço) muita gente que trabalhou aqui e que vinha cá em criança ver matar. Era uma curiosidade normal, era aceite”, explica. “Hoje comemos tanta carne, mas ficamos muito impressionados [com a morte dos animais]. Ficamos muito preocupados com a forma comos bichos morrem, mas muita pouca com [a forma como] os bichos vivem”, diz o responsável.
Para Sérgio Carronha, o historial não incomoda. “Não vejo nenhum problema “energético”, na verdade sinto-me muito bem por poder estar aqui, no centro de uma cidade, a trabalhar em pedra”, afirma o escultor, que está em residência artística.
Fonte/foto: Gerador