O eurodeputado Nuno Melo, eleito pelo CDS-PP, no seu comentário desta quinta-feira, dia 4 de junho, abordou aos microfones da Rádio Campanário a situação da TAP, a nomeação de António Costa e Silva para Conselheiro do Governo para preparar o plano de recuperação da economia nacional e ainda a reunião entre o Governo e Bruxelas realizada hoje para definir apoios à TAP e aprovar o plano de estabilização económica.
Relativamente à situação em torno da TAP, o democrata-cristão afirmou que “a solução socialista de sempre é avessa às regras do mercado. Este Governo assenta sempre numa solução que é o dinheiro dos contribuintes, que não é infinito”. Nuno Melo lembrou ainda que “a privatização da TAP foi definida no memorando da Troika, negociado entre Portugal e Bruxelas e assinado por José Sócrates. Foi aí que a privatização da empresa foi decidida, assim como de outras empresas. Quando falam do Governo Neoliberal do PSD/CDS, esquecem-se que quem decidiu as privatizações foi o próprio PS, quando era Governo. O Governo de Passos Coelho e Paulo Portas apenas limitou-se a privatizar o que o PS já tinha decidido”.
O eurodeputado enalteceu ainda que “a TAP foi estratégica no passado e é uma companhia de excelência”. Porém, “enquanto empresa pública, a partir do momento em que se nomeiam pessoas não por competência, mas pela sua proximidade ao cartão político, a TAP começou a acumular milhões de divida com erros estratégicos graves”.
Quanto à solução, Nuno Melo disse que “neste momento é difícil perceber qual é a solução para a TAP, porque em cima dos problemas estruturais, somam-se prejuízos de milhões por causa do COVID-19” e frisou que “se as regras aqui a aplicar fossem estritas ao Mercado, a TAP tinha de fechar portas, porque não tinha condições para sobreviver”. Mas acha que o Primeiro-Ministro “devia tentar uma solução do ponto de vista político, e nesse apoio não fosse só procurar apoio à esquerda”.
Sobre a nomeação de António Costa e Silva para Conselheiro do Governo para preparar o plano de recuperação da economia nacional, o eurodeputado referiu que “esta nomeação retira à pessoa uma responsabilidade política, porque não estamos a falar de uma nomeação para Ministro ou Secretário de Estado”, mas que “o problema deste tipo de nomeações é que depois as relações pessoais e os desempenhos profissionais acabam por se confundir”.
O antigo dirigente do CDS-PP contou que “tenho ouvido críticas no sentido em que, pelo seu histórico, a pessoa em causa está mais vocacionada para as grandes empresas, com lucros fabulosos, do que propriamente para a realidade económica portuguesa. Eu gostava de ver alguém que fosse talhado para a nossa realidade e por isso não sei se António Costa e Silva é a pessoa ideal”.
No que diz respeito à reunião que ocorreu entre Portugal e Bruxelas (União Europeia) e sobre os apoios que o país pode vir a receber, Nuno Melo admitiu que “há alguns riscos que me preocupam. E o primeiro tem a ver com uma distribuição assimétrica ao nível da União Europeia, se tivermos em conta o histórico, por exemplo, da política de coesão e da agrícola comum, que há muito pouco tempo atrás nos mostrava graves injustiças no que tem a ver com Portugal, relativamente a outros países. E este novo Plano de Ajuda não resolveu ainda o que nos prejudicava em matéria dessas políticas, pois como todos sabemos Portugal faz parte dos chamados “Países da Coesão”, ou seja, sendo um dos países mais atrasados da União Europeia, beneficia de dinheiro de Bruxelas para nos aproximarmos da média dos outros países. Por isso sempre disse que achava muito ridículo que, sendo Portugal um país da Coesão, fossemos perdendo financiamento, enquanto que países como Espanha ou Luxemburgo, que têm economias mais fortes, iam recebendo mais. Em segundo lugar tem a ver com o impacto do COVID-19 nos países, porque se tivermos como critério a morte de pessoas, há muitos países que estão a ser flagelados, como Itália ou Espanha. Mas se o critério for o impacto económico, temos que ser rigorosos e saber que, embora Portugal não tenha sido um dos países mais afetados em termos de óbitos, o impacto económico foi fortíssimo. O turismo estagnou, o Estado está a suportar fortemente os apoios da proteção ao emprego, o que gera maior dívida publica e houve também vários setores afetados. O balanço só poderemos fazer no final desta dupla ocupação de assimetrias a nível europeu, para que Portugal não seja prejudicado”.
O eurodeputado mostrou ainda preocupação “com o estado da economia no futuro, porque Portugal já tinha dificuldades estruturais graves, principalmente em relação à dívida, que irá continuar a crescer”.