O eurodeputado Nuno Melo, eleito pelo CDS-PP, no seu comentário desta quinta-feira, dia 12 de novembro, abordou aos microfones da Rádio Campanário a evolução da pandemia COVID-19 em Portugal, as novas medidas tomadas pelo Governo para combater a pandemia e a polémica em torno do acordo entre o PSD e o CHEGA no Arquipélago dos Açores.
Desde segunda-feira, dia 09 de novembro, que Portugal se encontra em Estado de Emergência, com medidas mais restritivas em 121 concelhos do país, de forma a tentar travar a pandemia. Questionado se as medidas decretadas são adequadas para travar a pandemia, Nuno Melo sublinha que “acredito muito mais na prevenção primária do que secundária, ou seja, evitar que os problemas surjam do que depois decidir para evitar que eles se agravem” e que neste momento “depois de termos falhado na prevenção primária, estamos agora a correr atrás do prejuízo”.
Para o eurodeputado, a situação está “completamente fora de controlo”, argumentando que “os hospitais, neste momento, estão sem capacidade para receber doentes, há vários profissionais de saúde a ficarem infetados e as condições são poucas”.
Nuno Melo classifica que as medidas “acabam por serem necessárias”, tendo em conta “a necessidade de ao menos condicionar o comportamento geral”, mas questiona “se são suficientes”. O ex-dirigente do CDS conta que “ontem [quarta-feira] vi um vídeo muito interessante, e que aconselho, do Camilo Lourenço, que dava conta de que em plenas medidas, vai-se abrir uma exceção na circulação para o Congresso do PCP. Portanto, a saúde pública cede, quando o capricho de um partido que não colabora com o interesse geral se manifesta. E isso é muito grave”, alerta Nuno Melo.
“O PCP sabe muito bem da situação em que vivemos, mas por razão política e de afirmação não sei do quê, insiste na realização do Congresso, numa altura em que não lembraria a ninguém, porque a tendência é para que isto piore. E o Governo vai atrás”, critica o eurodeputado.
Nuno Melo deixa ainda críticas a “esta validação e este silêncio em relação àqueles que de alguma forma apoiam ou podem ser suportes do Governo. Se nós temos, de repente, aqueles atores que levam anos inteiros a atacar a direita e a fazer fretes ao PS, esses atores podem encher salas de pessoas e não há problema nenhum. Se em causa está um partido que apoia a Gerigonça, o que temos são palavras conciliatórias ou explicativas, em vez de uma afirmação que fosse pedagógica para todos os outros, porque os outros sacrificam-se dizendo pode a lei impor que assim seja, mas moralmente é errado. E um Governo também serve para dizer isso, mas não. O Governo, porque pode precisar do PCP, tem palavras amiguinhas, em vez de condenar”.
Para o eurodeputado, “o que o PCP tem feito, repetidamente, com o 1º de Maio, a Festa do Avante e agora com o Congresso, é um insulto para todos os profissionais de saúde que se esforçam e que acabam por adoecer, para as famílias das pessoas que faleceram e para os que estão a sofrer. A ideologia não deve prevalecer sobre o interesse geral”, salienta.
Algumas cadeias de supermercados decidiram antecipar o horário da abertura nos próximos dois fins-de-semana, face às medidas restritivas nos 121 concelhos portugueses de maior risco, que terão sob o recolhimento obrigatório a partir das 13h00 aos sábados e aos domingos. Sobre esta decisão, Nuno Melo lembra que “muitas das pessoas só têm nestas alturas a oportunidade de abastecerem a casa com produtos alimentares”.
“Claro que qualquer empresa terá a tentação de ir atras do lucro, mas isso não invalida o que eu lhe digo. Não sei se é uma medida ajustada, mas pelo menos tem uma justificativa”, classifica o eurodeputado.
Pedro Catarino, representante da República no arquipélago dos Açores, indigitou no sábado o líder do PSD/Açores, José Manuel Bolieiro, presidente do Governo Regional, na sequência das eleições de 25 de outubro, justificando a decisão com o facto de a coligação PSD/CDS-PP/PPM (26 deputados) ter o apoio parlamentar do CHEFA (dois deputados) e do Iniciativa Liberal (um deputado), garantindo assim maioria absoluta no hemiciclo regional, com 29 dos 57 lugares. Várias personalidades, da esquerda e da direita política, têm criticado fortemente o acordo parlamentar entre PSD e o CHEGA.
Nuno Melo refere que vê esta situação “de forma muito cristalina”, afirmando que o Primeiro-Ministro e o PS “são os últimos a poderem condenar o que quer que seja”, argumentando que em 2015 o PS “aliou-se a partidos extremistas (ao BE e ao PCP), que defendem, no caso do PCP, ditaduras como a da Coreia do Norte”. O eurodeputado sublinha ainda que “temos que perceber que a reconfiguração político-partidária se alterou em Portugal, como aconteceu na União Europeia”.
“Hoje em dia há novos partidos à direita. A Iniciativa Liberal e o CHEGA estão no Parlamento e a menos que se queiram fazer fretes à esquerda e não se pensar à direita de forma diferente, o PS, o BE e o PCP ficarão lá para sempre”, frisa.
O eurodeputado lembra ainda que o Governo de coligação nos Açores não inclui o CHEGA – “A coligação é do PSD, CDS-PP e PPM e o CHEGA votará no Parlamento”. Nuno Melo questiona “o que é que se pretende? É que não se aceite o apoio do CHEGA, porque é um partido extremista, para em contrapartida se entregar a Governação da região e mais tarde do país aos extremismos do BE e do PCP, fazendo um frete ao PS? Isso é que não compreendo. O PSD e o CDS podem estar num Governo, acabando com 20 anos de socialismo e podendo, por isso, mudar alguma coisa, mas devem deixar de o fazer, para poder entregar o poder ao PS, apoiado pelo BE e PCP, que não poderão controlar, apesar de se tratarem, no caso do BE e PCP, de partidos de extrema-esquerda?”
“Esta é a reflexão que queria deixar. No espaço político de direita, tem que haver agora uma nova forma de se avaliar a realidade onde, em nenhuma circunstância, esse espaço político do PSD e do CDS podem aceitar linhas vermelhas. Por isso é que existem entendimentos. Há coisas que aceitamos e coisas que não aceitamos. Mas não devem estar é neste momento a fazer frete ao PS e a permitir que os extremismos do BE e PCP, depois do continente e do país, cheguem ao Governo dos Açores”, afirma.