São trinta e oito as empresas e centros de investigação, denominados Agenda InsectERA, que pretendem investir 57,4 milhões de euros “para colocar Portugal na vanguarda da indústria dos insetos”.
O objetivo desta iniciativa é arranjar uma solução para o “aumento da sustentabilidade alimentar e de alternativas nutricionais e industriais”.
Em 2025 a Agenda InsectERA estima gerar 23 milhões de euros e criar 140 novos postos de trabalho.
As empresas querem “desenvolver a industrialização, comercialização e exportação de produtos inovadores à base de insetos, com soluções para a área alimentar (animal e humana), indústrias da cosmética e dos bioplásticos, bem como para o setor da biorremediação, através da criação de soluções de valorização de resíduos orgânicos”.
Este investimento “prevê alocar 25,6 milhões de euros a I&D [investigação e desenvolvimento] e 29,5 milhões de euros em investimento produtivo, contemplando ainda montantes relevantes para recursos humanos, qualificação e internacionalização das organizações envolvidas e promoção dos resultados”.
“A Agenda InsectERA prevê gerar cerca de 140 novos postos de trabalho e mais de 23 milhões de euros em receitas em 2025, ano de conclusão dos investimentos”, refere a entidade, salientando que está prevista a criação de “três novas fábricas de produção de insetos, a criação de uma fábrica de produção de quitosano e de um centro logístico”.
No investimento estão contemplados todas as ações e aquisições que terão que ser feitas para iniciar, como, “obras de construção ou adaptação, aquisição de equipamentos produtivos, incluindo sistemas de climatização, de processamento e de biodigestão, equipamentos de laboratório de controlo de qualidade, embalamento e instalação de painéis solares.”
“Com este programa de investimento prevê-se atingir a industrialização de, pelo menos, 43 novos produtos e serviços à base de insetos para o mercado”.
Os insetos “são uma solução que vem reforçar a sustentabilidade ambiental no setor agroalimentar, trazendo mais eficiência à cadeia de valor e maior respeito pela utilização de recursos naturais”, refere Daniel Murta, porta-voz da Agenda InsectERA e presidente executivo da Ingredient Odissey SA.
“Com o envolvimento de todo o setor agroalimentar poderemos colocar Portugal na vanguarda desta indústria, protegendo o `know how` português e elevando a tecnologia nacional a outro patamar”, acrescenta, salientando que “este é um investimento estratégico, podendo tornar-se num marco histórico, uma vez que permite que Portugal se afirme num setor inovador atualmente dominado por outros países”.
Já Nuno Soares, Business Development Officer da INOVA+, frisa que “o apoio contínuo a esta agenda mobilizadora tira partido” da experiência da entidade “na estruturação de projetos de I&D e inovação de elevada complexidade, escala e com efeitos estruturantes na economia”.
Assim, “a submissão do projeto no quadro do PRR [Plano de Recuperação e Resiliência] representa uma janela de oportunidade para apostar em novos nichos e áreas de mercado com potencial disruptivo e aproximação aos países europeus pioneiros nesta área”.
“No setor europeu da alimentação para animais, a previsão é de uma produção de 500 mil toneladas em 2030, quando até ao início de 2021 eram produzidas apenas 10 mil toneladas de ração à base de proteína de insetos”, é referido no comunicado, que aponta para a existência de outras opções “de exploração do potencial da produção de insetos em áreas ainda pouco exploradas como a da cosmética e dos produtos de bio refinaria”.
A Agenda InsectERA foi constituída este ano e integra os fabricantes nacionais de insetos Ingredient Odissey, Cricket Farming Company Co, Thunder Foods, as indústrias Auchan Retail Portugal, Mendes Gonçalves, Mesosystem, Nutrifarms, PetMaxi, Savinor, Silvex, Solfarcos, Sorgal. Integra também os fornecedores de matéria-prima, tecnologias e serviços Agromais, APISB&O Technology, INOVA+, Falcão e Cunha, Figueiredo, Torres, Guerreiro & Assoc, Sense Test, as ENSIIs B2E CoLab, Colab4Food, FeedInov, InnovPlantProtect CoLab, CIIMAR, Egas Moniz, Universidade Nova de Lisboa, Universidade do Porto, INEGI, INESC TEC, INIAV, INL, Instituto Politécnico de Beja, Instituto Superior Técnico, IST-ID, Universidade de Aveiro, Universidade Católica Portuguesa e as associações Agrotejo, IACA, APBio e a DGAV.
Fonte: Nota de imprensa/RTP