Um projeto “inovador” que visa desenvolver uma tecnologia de produção de gás natural renovável, a partir de resíduos, entre os quais florestais, vai ser liderado por um laboratório português, num investimento de 10,3 milhões de euros.
O projeto, denominado por “Hyfuelup”, vai ser desenvolvido pelo Laboratório Colaborativo Bioref, num consórcio internacional de 11 entidades académicas e empresarias, entre os quais se encontram o Laboratório Nacional de Energia e Geologia, o Instituto Politécnico de Portalegre (IPP), a Dourogás Renovável e a Circlemolecule.
“É um gás em tudo equivalente ao gás natural, mas tem uma origem renovável. Este projeto avançará segundo uma tecnologia inovadora que se baseia num processo de gaseificação”, explicou à agência Lusa Gonçalo Lourinho, coordenador do Bioref em Portalegre, através do IPP.
Segundo responsável, a gaseificação (biomassa) vai ser colocada a uma temperatura “entre os 800 e os mil graus” para conseguir converter a biomassa num gás combustível, constituído por uma série de gases, entre eles o metano e o hidrogénio.
A etapa seguinte, explicou ainda Gonçalo Lourinho, passa por transformar este gás em “99%” metano.
“É inovador porque normalmente o biometano não é produzido assim, é por um processo de degradação biológica”, sublinhou.
De acordo com o coordenador, em que o IPP é responsável pela produção de hidrogénio para o “Hyfuelup”, “o foco” do projeto passa por dar resposta aos setores dos transportes e mobilidade.
“Queremos inovar e provar que é possível produzir este biometano e transportá-lo para zonas onde não haja ligações à rede de gás natural”, disse.
O projeto, que é acompanhado pela Agência Nacional de Inovação (ANI), vai ter início no final deste ano e vai ser desenvolvido ao longo de quatro anos, estando a unidade de produção deste gás instalada em Tondela.
A ANI anunciou hoje que Portugal já captou 32,7 milhões de euros em projetos relacionados com o clima, energia e mobilidade, entre eles o “Hyfuelup”.
“Só na última ronda de resultados, 21 entidades portuguesas angariaram 12,5 milhões de euros em 11 projetos”, sublinham, num comunicado enviado à Lusa.
De acordo com a ANI, os 32,7 milhões de euros representam “cerca de 2,1%” dos 300 milhões de euros disponíveis nesta área.
C/Lusa