A empresa aeroespacial Tekever está a desenvolver o primeiro radar de abertura sintética produzido em Portugal, equipamento que tem como objetivo capacitar a indústria para a observação e vigilância terrestre e marítima, foi hoje divulgado.
O projeto, que teve início há cerca de cinco anos, contou com vários parceiros, sendo um dos principais a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP).
“Com um radar de abertura sintética nós conseguimos na mesma produzir imagens, mas numa gama de sequências diferentes, que nos permite ver coisas que uma câmara de infravermelhos não nos permite ver”, explicou o presidente executivo da Tekever, Ricardo Mendes, em declarações à agência Lusa.
Com este equipamento, segundo o responsável, é possível observar, por exemplo, “através das nuvens ou através das folhagens das árvores [zonas florestais] ou no mar”.
“É uma tecnologia que já existe, é bastante rara, são poucos os produtores mundiais deste tipo de tecnologia”, acrescentou.
Uma parte deste projeto da Tekever, que trabalha na área de rádios definidos por software e é também uma das maiores produtoras de ‘drones’, foi desenvolvido no interior do microssatélite português Infante.
Com uma tecnologia base “muito complexa”, estes equipamentos que podem ser produzidos de várias formas e características, podem ter um custo, segundo Ricardo Mendes, de “cerca de meio milhão de euros, até aos vários milhões de euros”.
O CEO da Tekever sublinha que este tipo de equipamento permite observar situações que “não são visíveis a olho nu, nem com uma câmara térmica”, sendo os mesmos formados por várias versões e objetivos e atingir.
O mercado do espaço, dos `drones´ ou aviões, são os setores que a empresa pretende conquistar ao produzir os radares de abertura sintética.
“No espaço, estes equipamentos vão ser integrados em satélites para fazer observação da terra. Este equipamento poderá também ser usado na vigilância marítima”, disse.
“Este é um sensor excelente para proteger, vigiar, evitar e ajudar a prevenir casos de contrabando, no fundo atividades ilegais no mar”, acrescentou.
Através deste tipo de equipamento, é também possível detetar matérias na superfície da água, difíceis de detetar a olho nu, como por exemplo manchas de óleo e, ao mesmo tempo, classificar que tipo de matéria se encontra naquele espaço.
Já na área da floresta, o equipamento poderá detetar através das copas das árvores a existência de movimentações, situação que poderá contribuir para evitar furtos de madeiras mais valiosas.
“Num drone, nós conseguimos ver cerca de 20 a 40 quilómetros para cada lado, com as antenas do radar, depende da altura a que estamos a voar. Se estivermos a voar a oito mil pés, conseguimos ver seguramente mais de 30 quilómetros para cada lado, estamos assim a varrer uma faixa de 60 quilómetros”, explicou.
A empresa Tekever, com unidades em Ponte de Sor, Caldas da Rainha, Porto e Lisboa, já está a comercializar este equipamento para a área espacial, nomeadamente para constelações de satélites e indústria aeronáutica.
C/Lusa