Portalegre vai evocar os 50 anos da morte de José Régio, numa programação que pretende aumentar o reconhecimento da importância deste escritor, nomeadamente ao nível dos currículos escolares.
E conferência de imprensa decorrida na Biblioteca do Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa, a Câmara Municipal de Portalegre apresentou um conjunto de iniciativas que vão desde palestras, exposições, espetáculos e conferências a reedições de livros, programa que se vai prolongar até ao próximo ano.
Para assinalar esta efeméride, o Ministério da Cultura, as direções regionais de cultura do Norte, do Centro e do Alentejo, os municípios de Vila do Conde, Coimbra e Portalegre, o Centro de Estudos Regianos (Vila do Conde) e o Instituto Politécnico de Portalegre juntaram-se na elaboração de um vasto programa cultural.
Ao longo de quase dois anos (até dezembro de 2020), vão desenvolver-se diversas iniciativas de cariz nacional e local, sendo que em Portalegre, haverá um ciclo de cinema para visualização de filmes relacionados com a obra literária do autor transposta para o grande ecrã, com comentários por críticos e estudiosos de cinema, assim como um ciclo de curtas-metragens e de fotografias de coleções privadas.
Do cinema para o teatro, está prevista uma recriação dramática sobre personagens regianas no feminino, e uma peça de teatro de tributo a José Régio, intitulada “Do humano ao divino”. Em Portalegre, também ainda sem data definida, haverá recitais de música e poesia.
Um dos objetivos desta iniciativa é chamar a atenção da importância deste homem — também fundador da revista Presença – para a literatura e a cultura portuguesas do século XX, mas que tem sido “maltratado”.
“A ideia é repensar de algum modo o que devia ter sido feito há alguns anos, que é dar o devido respeito e o devido lugar a este nome e grande vulto da cultura portuguesa que é José Régio”, declarou Adelaide Teixeira na conferência.
De forma a criar uma identidade a este projeto de evocação de José Régio, foi desenvolvida uma imagem gráfica, com um dos versos mais conhecidos do poeta — “Não sei para onde vou, não sei por onde vou, sei que não vou por aí” -, e criado um site na Internet — www.joseregio.org -, onde vai ser divulgada toda a programação ao longo do projeto.
José Régio, nome literário de José Maria dos Reis Pereira, nasceu a 17 de setembro de 1901 em Vila do Conde, estudou em Coimbra e lecionou em Portalegre durante mais de 30 anos, tendo vindo a morrer na sua terra natal a 22 de dezembro de 1969.
José Régio foi poeta, dramaturgo, romancista, novelista, contista, ensaísta, cronista, crítico, autor de diário, memorialista, epistológrafo, historiador da literatura portuguesa, desenhador, pintor, e grande conhecedor e colecionador de arte sacra e popular.