O presidente da Câmara Municipal de Vila Viçosa, Inácio Esperança, diz que quer contrariar a obra de Platão “A República”, salientando que “depois de uma democracia como a de Abril não pode vir uma ditadura”.
“Platão, um filósofo grego que escreveu ‘A República’, dizia que a seguir a uma ditadura havia uma democracia e que a seguir a uma democracia viria a ditadura. Eu quero contrariar Platão e a circularidade do tempo. E dizer que depois de uma democracia como a de Abril não pode vir uma ditadura”, disse Inácio Esperança, em entrevista à Rádio Campanário, no final da Assembleia Municipal de Vila Viçosa, dedicada às comemorações dos 50 anos do 25 de Abril.
O edil acrescentou ainda que temos “de instruir os jovens nesse sentido (…) de preservar a liberdade, a autonomia, a independência. Mas, isso só se faz de uma forma, com conhecimento, com capacidade argumentativa e com racionalidade. E é isso que devemos passar aos jovens nas nossas escolas (…) só o conhecimento torna os seres humanos livres; e sem conhecimento, Abril fica em perigo”.
Para Inácio Esperança, o 25 de Abril é “a maior data do Portugal do século XX” e provavelmente “uma das maiores datas dos nossos 800 anos de História. Tivemos muitos momentos gloriosos, mas esse foi, sem dúvida, um dos grandes grandes momentos” que permitiu restituir aos portugueses “a liberdade e a democracia (…) extremamente necessárias para vivermos com uma melhor qualidade de vida e para (…) a eliminação das desigualdades, para erradicar a pobreza”. “Por isso, Abril é um marco importantíssimo nas nossas vidas que deve permanecer pelos tempos”.
A 25 de Abril de 1974, o presidente da Câmara Municipal de Vila Viçosa tinha apenas 7 anos. E ficou “muito aborrecido” porque teve de ficar em casa. “Um miúdo com sete anos quer é andar na rua e jogar à bola, como era filho do comandante da GNR achou-se por bem não andar na rua porque poderia não ser seguro”. “Mas foi, porque a terra era perfeitamente pacifica e passados dois dias já andávamos todos a jogar à bola e a brincar como era costume na aldeia”.
Entrevista de Augusta Serrano; Texto de Carlos Caldeira