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Presidente da empresa do Alqueva admite reduzir área de bloco de rega em Moura

O presidente da empresa do Alqueva admitiu hoje a redução da área do bloco de rega previsto para o concelho de Moura (Beja), devido à subida dos custos de construção e de equipamentos, desde que foi projetado.

“Estamos ainda a preparar a candidatura” ao Programa Nacional de Regadios (PNRegadios), mas “a área pode vir a ser reduzida, atendendo ao aumento dos custos de construção e de equipamentos”, disse à agência Lusa José Pedro Salema, presidente da Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA).

Segundo o responsável, o bloco de rega para o concelho de Moura foi projetado “há quatro anos” e envolve um investimento “superior a 40 milhões de euros”.

Mas, “como houve um aumento grande de preços na construção”, e uma vez que o aviso de concurso aberto no âmbito do PNRegadios “não é ilimitado”, envolvendo um total de “127 milhões de euros”, foi preciso “tomar algumas decisões”, explicou.

“Estamos em ajustes, em preparação do concurso e em revisão dos preços, que foram calculados pelos projetistas há quatro anos”, o que “pode implicar a redução da área”, frisou.

José Pedro Salema falava à Lusa após a Cooperativa Agrícola de Moura e Barrancos (CAMB) ter contestado hoje a intenção da EDIA de reduzir a área do bloco de rega.

Em comunicado, a CAMB, que criticou também os “sucessivos atrasos” do projeto, referiu ter tido “conhecimento da intenção” da EDIA de “reduzir para cerca de 7.000 hectares a área de implantação do bloco” de rega em Moura, o qual estava projetado para 10.000 hectares.

Além da subida dos custos, o presidente da EDIA acrescentou outros motivos para a possível redução da área do bloco de rega, nomeadamente porque “um agricultor já instalou uma central fotovoltaica” num local incluído no projeto inicial e devido à proximidade do abrigo de morcegos de Alqueva.

O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) manifestou “receios” de que o regadio “influencie a área de alimentação dos morcegos que vivem naquele abrigo”, pelo que é preciso “monitorizar a sua atividade, num raio de 10 quilómetros, durante pelo menos um ciclo anual completo antes de o regadio aí chegar”, indicou.

Em comunicado também enviado hoje à Lusa, os três eleitos da gestão socialista da Câmara de Moura manifestaram “o propósito de instar o Governo” a “rever” esta eventual redução do bloco de rega, que consideram uma “situação de enorme injustiça”.

Manifestando-se solidária para com os agricultores, a gestão PS lembrou que, em setembro de 2018, em Moura, o então ministro da Agricultura, Capoulas Santos, do primeiro Governo PS liderado por António Costa, apresentou o projeto, então com 10.000 hectares.

A apresentação foi feita “na presença de dezenas de agricultores do concelho de Moura, que acolheram a notícia com satisfação e esperança”, pois “tratava-se de uma questão da mais elementar justiça”, frisaram.

Também foi apresentado um cronograma e “afiançou-se que as obras começariam um ano depois” para, em 2021, haver “água para regar”, acrescentaram, lamentando que, agora, o presidente da EDIA diga que, “afinal, o bloco de rega será amputado em cerca de 3.000 hectares”.

Também em comunicado enviado hoje, a concelhia de Moura da CDU exigiu que “o compromisso” da governação PS de “concretizar em pleno” o bloco de rega no concelho “seja uma realidade desde já” e “não adiado para um futuro incerto”.

Segundo os comunistas, a eventual redução da área, além “da quebra de um compromisso”, é “inadmissível” e “injustificada”, revelando “o verdadeiro desprezo pela população do concelho por parte do Governo do PS”.

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