As universidades e os institutos politécnicos não vão poder contar com reforços orçamentais. Mais dinheiro só mesmo em 2017.
A garantia foi dada pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Manuel Heitor, na recente reunião com representantes das universidades e institutos politécnicos.
Verbas que não satisfazem os dirigentes, embora os valores distribuídos sejam idênticos aos do ano de 2015.
Em entrevista à Rádio Campanário, o presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Politécnicos (CCISP), Joaquim Mourato, refere que na reunião, teve a oportunidade de dizer que “as verbas eram iguais a 2015 para a generalidade das instituições exceto aquelas que têm um desequilíbrio estrutural e que são cinco os politécnicos, e um dos quais o de Portalegre, que carece de um reforço no final do ano (…) dia 1 de janeiro já sabemos que faz falta aquele dinheiro para fazer o pagamento do último salário, não é uma questão de ser má gestão, o valor à partida já não é o necessário para cumprir os compromissos (…) estas instituições continuarão a necessitar daquele reforço (…) para 2016, no IPP temos menos dinheiro do que em 2015 e não são boas notícias para o politécnico e para a região, o que está delineado no Politécnico de Portalegre para este ano de 2016, é menos dinheiro do que aquele que foi entregue pelo Governo anterior”.
Quando questionado refere que será menos meio milhão de euros, “um valor que neste momento não está coberto (…) dado que nos últimos anos temos vindo a fazer um emagrecimento do instituto, em que já reduzimos mais de 20% (…) não vejo como será possível cortar de modo a reduzir a despesa naquele valor para prescindir do dito reforço (…) necessariamente o ministério vai ter que rever a posição atual perante este politécnico e todas as instituições de ensino superior (…) a austeridade de tantos anos obrigou-nos a queimar algumas gorduras, se é que elas existiam e musculo (…) não me parece que seja possível resolver o problema sem cortar na atividade normal da instituição”.
Sobre a verba necessária para que a gerência do IPP decorra sem sobressaltos, Joaquim Mourato conta que “ronda os 12 milhões de euros, sendo que 30% são receitas geradas pelo instituto e 70% vindo do Orçamento de Estado (…) que não chega para pagar salários, o que o Estado entrega ao politécnico só cobre cerca de 80% da despesa com o pessoal (…) as nossas instituições estão cada vez menos públicas e vão se gerindo de forma cada vez mais privada (…) o Estado cada vez menos financia o ensino superior”.
No que concerne às formas de captação de receitas próprias, o presidente do IPP diz que são diversificadas “mas estamos numa região em que não é fácil aumentar essa receita” que é proveniente “das propinas cobradas aos estudantes e quanto menos estudantes menos receita e isso é o que tem acontecido nos últimos anos (…) temos poucos jovens e o número de vagas tem sido muito superior ao número de candidatos, também não tem sido favorável à mobilidade de jovens do litoral para o interior (…) e a esse nível temos reduzido o número de alunos, no último ano já estabilizamos e penso começar agora a crescer, mas no momento ainda não temos essa resposta”.
Os projetos são também outra fonte de receita, “e aí já temos uma carteira com muitos aprovados e outros em que apresentamos candidaturas (…) para conseguir por essa via uma importante fonte de financiamento e a prestação de serviços de consultadoria, laboratórios de análises, todo um conjunto de atividades que são realizadas pelo corpo de docentes e técnicos do instituto ao exterior (…)”.
Instado a comentar a promessa do ministro da Ciência e Tecnologia, Manuel Heitor, diz que “relativamente a questões financeiras, já não me iludo, já estou neste setor há alguns anos e portanto é ver para crer, se o Estado não tem dinheiro, a economia não evolui favoravelmente, não pode distribuir mais, temos que ver tudo isto como uma boa vontade (…) agora uma coisa é querer e outra é poder e só pudemos entregar se tivermos, espero que a economia portuguesa cresça, é isso que todos precisamos para que exista mais atividade (…) e possa haver mais para distribuir (…) o estudo que foi feito sobre o impacto socioeconómico, no Instituto Politécnico de Portalegre, por cada euro a menos, que vem do orçamento de Estado, são menos dois euros e meio a três, que é distribuído para a economia local (…) sempre que temos uma notícia de redução das transferências para o politécnico é sempre uma notícia má para a região”.