Portugal tem assistido a uma “revolução” na produção de frutos secos, já satisfaz 96% do consumo nacional e será autossuficiente em 2023, segundo uma associação do setor.
Atualmente, o país “é capaz de satisfazer, por via da produção nacional, 96% do consumo interno de frutos secos e, em 2023, passará a ser autossuficiente”, referiu o presidente da Portugal Nuts – Associação de Promoção de Frutos Secos, Tiago Costa, citado num comunicado enviado hoje à agência Lusa.
O responsável considerou “encorajador” saber estes dados, quando “se perspetiva que o preço dos bens alimentares possa subir 30%” até final do primeiro semestre deste ano.
No comunicado, a associação indicou que o consumo nacional de frutos secos aumentou 95%, entre 2012 e 2022, e considerou a autossuficiência “uma boa notícia face ao contexto mundial de disrupção das cadeias de abastecimento alimentar”.
A disrupção deve-se à pandemia de covid-19, ao aumento dos preços dos fatores de produção e de alimentos causado pela guerra na Ucrânia e à prevista inflação de 5,1% na União Europeia até ao final deste ano, explicou.
A associação, que tem 40 produtores e processadores associados, abrangendo 10 mil hectares, vai promover em Beja, esta terça-feira, o 1.º Congresso Portugal Nuts, no qual será apresentado o seu estudo “Caracterização do setor dos frutos secos em Portugal”, realizado por uma consultora.
Segundo o estudo, ao qual a Lusa teve hoje acesso, Portugal “tem assistido a uma verdadeira ‘revolução’ no setor dos frutos secos”, tendo a área plantada aumentado 54%, entre 2010 e 2020.
Neste período, o país registou uma “tendência crescente” em área plantada e produção de amêndoa, noz e castanha.
A noz teve “o maior” crescimento em termos de área plantada, que duplicou, e a amêndoa registou o “aumento mais significativo” ao nível de produção, a qual quadruplicou, tendo subido “10 vezes” no Alentejo.
A água do Alqueva permitiu ao Alentejo passar de última para segunda região em Portugal com mais amendoal de 2010 para 2020, ultrapassando o Algarve e o Centro, mantendo-se o Norte como líder.
De acordo com a associação, no ano passado, em Portugal, a área plantada de frutos secos ocupava 110 mil hectares, nos quais foram produzidas 80 mil toneladas.
Portugal, um dos “melhores” países para produzir frutos secos, “devido às características edafoclimáticas”, exporta 100 milhões de euros daqueles produtos e apresenta “um saldo positivo da balança comercial de 10 milhões de euros no caso da amêndoa”.
Também na amêndoa, “Portugal será em breve o 2.º maior produtor europeu e entrará nos 15 maiores produtores mundiais”, previu a associação.
Um dos pontos “mais impactantes” no setor dos frutos secos em Portugal é o investimento total estimado em mais de 500 milhões de euros, 294 milhões dos quais financiados por apoios públicos, entre 2014 e 2020, indicou o estudo.
Já o número de empresas dedicadas à produção de frutos secos em Portugal subiu 67 vezes, passando de cinco em 2007 para 339 em 2019.
Em 2019, na Europa, Portugal era o 5.º maior produtor e responsável por 6% da produção de frutos secos, sendo a Espanha o líder com 43%.
Também era “um dos principais” países europeus exportadores da maioria dos frutos secos, chegando a ocupar lugares no pódio das exportações de castanha e amêndoa.
Naquele ano, a China liderava a lista dos principais produtores mundiais neste setor, sendo responsável por 27% da produção, enquanto Portugal, com 0,43%, ocupava o 32.º lugar.
C/lusa