O presidente da Cooperativa Agrícola de Beja e Brinches (CABB), Fernando Rosário, expressou preocupação com a produção de cereais de sequeiro na sua área de influência, que abrange principalmente os concelhos de Beja e Serpa. De acordo com Rosário, o ano de 2023 tem sido “um ano péssimo” devido à falta de precipitação, resultando em graves impactos sobre a produção agrícola local.
Iniciando o ano com expectativas promissoras devido a algumas precipitações, os agricultores da região tiveram as suas esperanças frustradas. Desde o final de dezembro até maio, a região enfrentou um período de seca intensa, com a ausência total de chuvas. “Foi um ano que começou com alguma precipitação e as pessoas começaram a gastar dinheiro, pensando que ia ser um ano normal. Mas, desde o final de dezembro até maio estivemos sem chover uma gota de água”, lamentou Fernando Rosário.
A produção de cereais de sequeiro, incluindo culturas como trigo, cevada, aveia e triticale, sofreu uma redução significativa, com a produção caindo para mais de metade em comparação com um ano típico. “Há muitas explorações onde a produtividade não chegou aos 1.000 quilos por hectare”, destacou Fernando Rosário. Expressou preocupações sobre a produção total de cereais na área da CABB, sugerindo que este ano talvez não alcance nem mesmo 10 milhões de quilos.
O impacto negativo da seca também se estende à região do Campo Branco, que abrange os concelhos alentejanos de Castro Verde, Almodôvar e Ourique, bem como parte dos municípios de Aljustrel e Mértola. António Aires, presidente da Associação de Agricultores do Campo Branco (AACB), com sede em Castro Verde, descreveu a situação como sendo semelhante à vivida em Beja e Serpa. Embora o ano tenha começado com chuvas em janeiro, a falta de água na primavera resultou em quebras de produção na ordem dos 90%.
Além disso, alguns agricultores foram forçados a tomar decisões drásticas devido à inviabilidade econômica da colheita. “Houve mesmo agricultores que nem sequer ceifaram, pois o custo da ceifa era superior ao do cereal, dado terem apenas 200 ou 300 quilos por hectare”, disse António Aires. Explorações que anteriormente produziam entre 3.000 e 4.000 quilos por hectare viram suas colheitas reduzidas para meros 700 ou 800 quilos.
As “Previsões Agrícolas” divulgadas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) em 31 de maio confirmaram os temores dos agricultores. O relatório destacou que a campanha cerealífera de outono/inverno “deverá ser das piores” devido a mais um ano de seca severa. Essa situação também afetou negativamente as pastagens e forragens, causando “grandes dificuldades” ao setor pecuário.
Fonte: Notícias ao Minuto