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Projeto piloto junta Cruz Vermelha do Alentejo e da Extremadura Espanhola, no apoio a milhares de vítimas de catástrofes naturais (c/som e fotos)

Decorreu no passado sábado, dia 15 de julho, no Forte da Graça, em Elvas, a cerimónia de apresentação do Projeto UNITE, que liga a Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) – Alentejo e a Cruz Roja Espanhola (CRE)– Extremadura.

Com aprovação de candidatura conjunta ao INTERREG, as entidades apresentaram o projeto desenvolvido no âmbito do Coopera 2020, para um trabalho conjunto de sensibilização e formação, para atuação em caso de catástrofe natural.

José Tadeu Freitas, Coordenador da Plataforma Regional de Emergência, da Cruz Vermelha, responsável pelos distritos de Portalegre, Évora e Beja, falou sobre o projeto, à Rádio Campanário, presente na cerimónia de apresentação.

O Projeto UNITE “vem culminar com alguma resposta mais concreta, é um projeto mais regional e menos local” que outros projetos que têm vindo a ser feitos com a Extremadura espanhola.

O mesmo consiste na “criação de dois armazéns logísticos de resposta para 1500 pessoas” (750 cada), previstos de serem instalados em Badajoz, e possivelmente em Beja, “pela capacidade de armazém e pela resposta” ao nível de pessoas prontas a atuar, explica José Freitas, afirmando que a localização do armazém português ainda está por definir.

Desta forma, “a acoplar a alguns equipamentos que já temos, chegamos às 2000, 2500 pessoas”, afirma.

O objetivo é possibilitar às pessoas, vítimas de algum desastre natural, que “no dia a seguir à catástrofe, tenham a capacidade de ser alojadas, e ter roupas, ter alimentos, e terem a capacidade de voltar o mais rapidamente possível à normalidade”.

A criação destes armazéns é um dos quatro objetivos do programa. Outro é a formação de equipas, capazes de prestar apoio quer a nível de material, “quer no psicossocial, quer em alguma emergência que possa haver necessidade de evacuação, quer inclusivamente no apoio humanitário”, explica.

O projeto visa ainda a sensibilização de toda a população para o caráter preventivo necessário, para possibilitar que a Cruz Vermelha disponha de todos os recursos necessário, previamente à catástrofe, apostando nas crianças e nas redes sociais para a realizar.

“Na sensibilização podemos chegar às 9 mil pessoas nas duas áreas” afirma. Uma das formas de sensibilização para a prevenção, aponta, é um projeto português que consiste num kit de emergência pessoal e individual, que pode ser adquirido na cruz vermelha. Esta mochila contém todos os recursos necessários para sobrevivência das vítimas, nas horas seguintes à catástrofe.

“A nível interno, nós queremos chegar a perto de 200 pessoas”, com a formação de membros profissionais e voluntários na CVP e na CRE, para garantir que toda a gente disponível e necessária está formada.

O quarto objetivo direciona-se para a criação de “protocolos de gestão destes meios, nos dois países”. Relembra o incêndio de Pedrógão, em que a entrada da Cruz Roja no país, “carecia de autorizações”, sendo igualmente necessárias para portugueses em Espanha, neste âmbito. Pretendem efetuar conversações com a parte política de ambos os países, para que, quando seja necessário, baste as entidades pedirem apoio e entrarem “de imediato no país”.

Este tópico, avança, “já está protocolado, já está escrito, está definido, está autorizado à partida”.

José Tadeu Freitas afirma haver a intenção de que, “no final de 2019, nós tenhamos isto em pleno, e capacidade para apoiar as pessoas”.

“A base do projeto é em região Alentejo e Extremadura, não quer dizer que isto não possa ser projetado para outras regiões de Portugal”, avança, afirmando que este é um “projeto piloto de constituição de equipas de emergência, que depois de ativadas e verificada a sua capacidade [..] vamos replicar noutras regiões do país”. De qualquer forma, e no âmbito do mesmo, quando uma das equipas atravessar a fronteira, será para ajudar onde for preciso.

Atualmente, afirma, existe “falta de organização, não é falta de recursos”, sendo importante reforçar assim “o caráter de resposta, já não é só de prevenção”. Existem recursos disponíveis, sendo necessário estruturar formas de maximizar a sua distribuição em situações de urgência.

Ao abrigo do Projeto UNITE, “em Portugal vai ser (feito) um investimento global do projeto de 266 mil euros”, dos quais apenas “85 mil é que são canalizados para a aquisição de equipamentos”, uma vez que o projeto tem sobretudo um caráter de sensibilização, declara.

Uma vez que os fundos são atribuídos financeiramente de acordo com os valores populacionais dos países, explica, “os espanhóis têm um projeto perto dos 500 mil euros, e têm 200 e qualquer coisa mil para equipamento”.

Este valor será aplicado na aquisição de material que tem que ser necessariamente comprado. O coordenador da plataforma regional de emergência explica que a entidade tem facilidade em adquirir roupa e alimentos junto das pessoas, direcionando-se estes fundos comunitários para a aquisição de “tendas de campanha, burros de campanha (camas desdobráveis) […], as mantas, as almofadas, o material de catering que é necessário […] e o material de saúde”.

Este material encontrar-se-á nestes armazéns que serão criados, não se destinando à utilização no dia-a-dia. Mais acrescenta José Tadeu Freitas que esperam vir a encontrar doadores para adquirirem uma carrinha, uma vez que esse financiamento não está previsto pelo financiamento do projeto. Este veículo seria destinado a prestar apoio inerente a estes armazéns.

Na cerimónia de apresentação, Nuno Mocinha, Presidente da Câmara Municipal de Elvas, em declarações à Rádio Campanário, falou desta parceria que “resulta de um projeto conjunto que foi feito pela Cruz Vermelha e pela Cruz Roja”.

O autarca explica que este projeto visa “formar pessoas e montar basicamente um dispositivo, para, em caso de acontecer algo extraordinário, possamos ter no terreno um conjunto de respostas para que as nossas populações sejam prontamente socorridas”.

Mais avança já ter disponibilizado a Câmara Municipal, “caso seja necessária, para entrar nesta parceria, porque apostar na prevenção, sempre foi a melhor maneira de combater”.

Declara-se ainda “muito satisfeito com esta parceria porque é o estreitar das fronteiras […] desta relação que temos ao nível da Eurocidade, e é este efetivamente o caminho”.

Presentes na cerimónia de apresentação da aprovação da candidatura conjunta entre a Cruz Vermelha Portuguesa – Alentejo e a Cruz Roja Espanhola – Extremadura, estiveram ainda Luís Névoa, Diretor Geral da Cruz Vermelha Portuguesa, Jesus Palo Tiburcio, Presidente Autonomico Cruz Roja Espanhola e F. Javier Gaspar Nieto, Secretario General Consejeria de Medio Ambiente y Rural, Políticas Agrarias y Territorio, de la Junta de Extremadura.

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