O Projeto de Inventário da Azulejaria Calipolense, que procura registar todo o património de azulejos do concelho de Vila Viçosa, foi laureado com uma Menção Honrosa nos Prémios SOS Azulejo 2017, na categoria “Contributos para Inventário”. A entrega dos galardões terá lugar no próximo dia 24 de maio, no Palácio Fronteira, em Lisboa. A Rádio Campanário (RC) falou com um dos investigadores à frente do projeto, Tiago Salgueiro, que acredita que esta atribuição “é também uma mensagem para que possamos todos cuidar da melhor forma o património existente na localidade”.
Este projeto, que se iniciou em 2017, reúne mais de 500 fichas de inventário e cerca de 1500 imagens, foi desde início apoiado pela direção da Fundação da Casa de Bragança. Agora, os quatro investigadores à frente da iniciativa, Tiago Salgueiro, Ana Campanilho Barradas, Paulo Pinto, Fernando Duarte, pretendem colocar as informações recolhidas na Rede de Investigação em Azulejos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Contactado pela RC, Tiago Salgueiro refere que a Câmara Municipal de Vila Viçosa (CMVV) não foi institucionalmente convidada a fazer parte da génese desta investigação. Só após a conclusão dos trabalhos é que “partilhámos também esta informação com a CMVV”, pelo que consideram que “até no âmbito da candidatura a Património Mundial, estas informações podem constituir, de facto, uma mais valia”.
Além do levantamento da tipologia de azulejos existentes em Vila Viçosa, quer em espaços públicos como privados, o projeto fez também “a associação entre os edifícios e também os tipos de padrões existentes nesses locais”. Conseguindo assim, confirmar “a grande importância que têm os azulejos em Vila Viçosa”.
No que diz respeito à conservação dos azulejos agora catalogados, o investigador de história local, refere que “podemos encontrar um pouco de tudo”. O investigador revela que podemos encontrar “azulejos que eram provenientes, por exemplo, do Convento S. Paulo, em algumas casas particulares”, assim como “nos próprios arruamentos de Vila Viçosa é possível ter perceção em relação a essa dispersão de um conjunto de azulejos que passaram de espaços religiosos, muitas vezes, para espaços públicos e coleções privadas”.
Tiago Salgueiro explica ainda que a ideia inicial passava também por “criar aqui uma espécie de rota do azulejo”, sobretudo “tendo em conta os conjuntos que existem, que são de facto muito apelativos”, sendo que “temos aqui, em Vila Viçosa, a possibilidade de fazermos a história do azulejo desde o início do séc. XVI até à primeira metade do séc. XX”, uma ideia que foi também lançada ao município.