A fraca qualidade do ar registada em todo o território nacional, desde o dia de ontem, e que se verificará no presente e nos próximos dias, é devida a excedências ao Limiar de Informação ao público do ozono e aos valores-limite de dióxido de azoto, assim como de partículas em suspensão em algumas zonas do território do continente.
Em declarações à Rádio Campanário, Paulo Diegues, Chefe de divisão de Saúde Ambiental e Ocupacional da Direção Geral da Saúde (DGS), explica que os baixos índices de qualidade do ar registados, se devem “essencialmente a um fenómenos de origem natural”.
Regista-se neste momento, em Portugal, um fenómeno cíclico, recorrente no final do verão e no outono quando este é quente, relacionado com a “dispersão atmosférica”. O mesmo consiste na presença, no ar, de partículas oriundas do deserto do Sahara, prevendo-se grande afetação do litoral alentejano, e da zona interior do Alentejo, podendo “vir a exceder 40 a 80 mg/m3”.
Tratando-se apenas de previsões que serão posteriormente verificadas, Paulo Diegues avança a possibilidade de que estas concentrações de partículas se localizem a 40 ou 50 metros de altitude e de “não se virem a sentir na zona respirável”.
Devido à temperatura alta para a época do ano, “pode ocorrer a formação de ozono troposférico” e em alguns locais pontuais, avança, podendo também “haver excedências pontuais do dióxido de azoto”.
Relativamente aos efeitos na saúde dos seres humanos, as recomendações da Associação Portuguesa do Ambiente e da Direção-Geral de Saúde direcionam-se para grupos de risco, constituídos por crianças, idosos e doentes crónicos.
Desta forma, as entidades recomendam que os “doentes crónicos, principalmente os do foro respiratório e cardiovascular”, evitem a exposição prolongada “em termos de exterior”, assim como as crianças e idosos, devido à sua capacidade imunitária que poderá “estar diminuída ou ser inferior”. É assim advertido o facto que estas pessoas se “poderão sentir problemas respiratórios ou cansarem-se mais”.
Pessoas que praticam desporto ou que desempenham trabalhos no exterior, “devem evitar esforços prolongados”, acrescenta, afirmando ainda que a fraca qualidade do ar poderá passar despercebida à restante população.