O responsável da associação de regantes da barragem da Vigia, no concelho de Redondo (Évora), considerou hoje “preocupante” a falta de chuva, mas a campanha de rega e o abastecimento à população estão assegurados este ano.
“Neste momento, temos um nível de armazenamento de 50% da capacidade da barragem, o que assegura a realização da campanha de rega de 2022. Isto na pior das hipóteses, a de não chover mais”, disse à agência Lusa o presidente da Associação de Beneficiários da Obra da Vigia, Luís Bulhão Martins.
Por isso, apesar da seca no país, “antevê-se o desenrolar de uma campanha normal”, a partir desta albufeira, assim como o abastecimento de água às populações “em condições absolutamente normais” e sem necessidade de “ratear [água] de um lado para dar ao outro”, disse o dirigente.
Ainda assim, “a situação é preocupante”, mas “não como nos anos de 2020, 2019 e 2018”, explicou Luís Bulhão Martins, sem esquecer que, apesar da situação daquela albufeira, “Portugal está em seca”, o que deixa “todos apreensivos”.
É que a barragem da Vigia, lembrou Bulhão Martins, foi “muito ajudada por chuvadas muito fortes” que ocorreram na região, durante “dois ou três dias”, em “final de setembro e princípio de outubro”.
“Isto coloca-a numa melhor situação do que as barragens do sudoeste alentejano e Algarve, que estão em situação muito pior”, indicou.
A Vigia, de resto, é alimentada pela barragem do Alqueva, embora “de forma muito reduzida” e “praticamente simbólica”, num total de “200 mil metros cúbicos por mês”.
Por isso, os regantes anseiam “pela execução do bloco de rega de Reguengos” de Monsaraz que, “esse sim, vai trazer uma adução já substancial à barragem da Vigia”.
O bloco de Reguengos de Monsaraz “é dos primeiros” na “hierarquia de obras do Empreendimento de Fins Múltiplos do Alqueva (EFMA)”, mas “está parado de obra nova desde há três ou quatro anos”, lamentou.
O Ministério da Agricultura abriu este mês um novo aviso de concurso do Programa Nacional de Regadios (PNRegadios), com uma dotação de 127 milhões de euros, para dar seguimento a projetos assumidos para a região do Alqueva.
O aviso de concurso, anunciado a 10 de dezembro passado, pela ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, numa deslocação a São Manços, no concelho de Évora, inclui, entre outros projetos, a execução do circuito hidráulico de Reguengos de Monsaraz.
No final de dezembro, de acordo com o índice meteorológico de seca (PDSI) do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), mais de metade do território de Portugal continental (57,7%) estava em situação de seca fraca, 27,3% em seca moderada, 8,7% em seca severa e 6,3% normal.
O instituto classifica em nove classes o índice meteorológico de seca, que varia entre “chuva extrema” e “seca extrema”.
Os dados indicam também que Portugal continental se mantinha, no final de dezembro, em situação de seca meteorológica em quase todo o território. A seca meteorológica está diretamente ligada ao défice de precipitação, quando ocorre precipitação abaixo do que é normal.