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‘Retratos de Reguengos’ serão inaugurados em Monsaraz

José Miguel Soares

A Malvada Associação Artística vai inaugurar a exposição ‘Retratos de Reguengos’, com fotografias de José Miguel Soares, na Galeria de Arte da Igreja de Santiago em Monsaraz, no dia 27 de novembro, pelas 11h, mantendo-se neste espaço até ao dia 23 de janeiro de 2022. Esta exposição inclui-se no projeto ‘Topofilias’, que envolve a população excluída por envelhecimento e isolamento e tem como foco o espaço e o lugar praticado e vivido, como forma de recuperar e produzir memória através da construção de um olhar sobre e a partir do património humano. Realizado nos Municípios de Alandroal, Borba, Estremoz, Évora e Reguengos de Monsaraz, o projeto inclui-se no Transforma – Programa para uma Cultura Inclusiva do Alentejo Central promovido pela CIMAC e é apoiado pelo Município de Reguengos de Monsaraz. Esta é uma das cinco exposições fotográficas apresentadas nestes concelhos entre outubro e dezembro de 2021. 

A exposição ‘Retratos de Reguengos’, com fotografias da autoria de José Miguel Soares, resulta de um longo processo criativo e de inclusão com seniores, integrado no projeto ‘Topofilias’. Neste concelho, o processo estendeu-se por  Barrada, Monsaraz, São Pedro do Corval, Santo António do Baldio, Telheiro, Motrinos e em Reguengos, onde, para além dos registos fotográficos e dos retratos feitos no espaço público, nas casas dos habitantes ou nos seus locais de trabalho, foram igualmente realizadas sessões de retrato de estúdio em lugares inusitados como a praia, o Pavilhão Gimnodesportivo e jardins, que incluíram grupos de participantes cujas atividades estiveram interrompidas e que viram a socialização constrangida durante um longo período, devido à pandemia que afetou deveras este concelho. A realização destas sessões de partilha, de mapeamento e de retrato marcou, em muitos casos, o retomar das atividades e o encontro entre membros de um grupo, entre vizinhos e entre familiares, revestindo-se as mesmas de um especial significado para os participantes e constituindo-se como um momento de grande alegria e convívio. 

Durante todo o processo, desenvolveu-se com os participantes o exercício da memória, no qual se incentivou o ato de recordar e de estabelecer conexões, a aproximação e a partilha através da fotografia, o empoderamento e a inclusão no ato de ser retratado. Ao longo das várias sessões realizadas no concelho, a equipa da Malvada conheceu aprofundadamente o território e criou laços e relações com o Município, os residentes, as localidades, os grupos, restaurantes e os comerciantes. O território é, para além de físico, social e emocional, composto e estruturado por aqueles que o vivem. Todos estes tempos e lugares, e as memórias que lhes estão associadas, ganham corpo naqueles que os habitam e que por eles se deixam habitar.

Sobre o projeto

‘Topofilias’ é um projeto de Fotografia da Malvada, com criação e direção artística de Ana Luena e José Miguel Soares, que envolve a população excluída por envelhecimento e isolamento, tendo como foco o espaço e o lugar praticado e vivido, como forma de recuperar e produzir memória, através da construção de um olhar sobre e a partir do património humano. Realizado nos Municípios de Alandroal, Borba, Estremoz, Évora e Reguengos de Monsaraz, o projeto inclui-se no Transforma – Programa para uma Cultura Inclusiva do Alentejo Central, promovido pela CIMAC. Explora-se o conceito de Topofilia, o elo afetivo entre a pessoa e o lugar ou o meio ambiente, uma associação que promove a ideia de pertença e de identidade cultural.

‘Topofilias’ desenvolveu-se quer nas aldeias típicas e nos centros históricos, cujo denominador comum é um passado admirável e extraordinário, quer nos espaços urbanos e periurbanos, simultaneamente polos de desenvolvimento, desordenamento e reorganização do território, quer nos espaços extensos, de paisagens naturais antropomorfizadas, onde a desertificação humana é mais do que uma tendência estatística. Em ‘Topofilias’, propomos um processo artístico que utiliza a fotografia como instrumento para desenvolver a relação entre os habitantes e o território, impulsionando o exercício de cidadania ativa a que todos temos direito. Um projeto que se baseia na partilha e na participação ativa do seu público-alvo, numa reflexão sobre si e o seu lugar, com quem se constrói ideias, imagens, identidade e cultura.  

O projeto teve início em julho de 2020 e culmina em cinco exposições fotográficas que partiram do conceito de Topofilia, e que são apresentadas em vários espaços expositivos dos diferentes concelhos entre outubro e dezembro de 2021. As exposições incluem retratos e fotografias de materiais conexos resultantes das diferentes fases das ações artísticas que envolveram o público-alvo: em Sessões de Partilha nas quais se registaram fotografias e objetos e se realizaram retratos junto das suas casas, em jardins e espaços públicos; em Oficinas de Mapas e Roteiros nas quais se identificaram espaços através dos testemunhos recolhidos, fizeram-se visitas, caminhadas e passeios fotográficos; em Sessões de Retrato de Estúdio montadas em praças, mercados, associações e lares de idosos. Os retratos, o registo dos espaços recordados, dos objetos estimados ou perdidos constituem um depósito de pedaços de memórias e de vidas. 

Neste projeto participaram: Alice Nobre, Almerinda, Ana Codices Galrito, Ana Godinho (Anica), Ana Maria Almeida, Ana Rosa Cardoso, Ana Silva Tenda, Ana Veiga Ribeiro, Antónia Silva, Berta Filipe, Catarina Palma, Conceição Rosado, Deolinda Fialho, Deolinda Mancha, Élia Marques, Ermelinda Piteira, Eugénia Silva, Felizarda Pires, Francisca Pego, Francisco Quinhas, Genoveva Godinho, Georgina Leal, Graça Ferro, Gracinda Raminhos, Idalmira Alfaiate (Dalmira), Inácia Rosa, Inácia Rosa Caldeira (Garrafufa), Isabel Lopes, Joaquina Nunes, Joaquina Rolo, Julieta Gonçalves, Lene Torres, Manuel Santos, Margarida Cardoso, Maria Antónia Marques Pronto (Tónia), Maria Catarina Cardoso, Maria Clotilde Marques, Maria da Encarnação Castanho, Maria de Fátima Pronto, Maria de Lurdes, Maria do Carmo, Maria do Rosário, Maria Inácia Janeiro, Maria José Passinhas, Maria Marques Cardoso, Maria Paulino, Mariana Mendes (Naná), Minervina Caldeira (Vina), Ofélia Arez, Otília Rosa, Otolinda Bruno, Sónia Assunção

Notas Biográficas

JOSÉ MIGUEL SOARES (Ponta Delgada, 1977) Fotógrafo e Psicólogo. Estudou Psicologia na Universidade de Lisboa, Psicologia Social na Università degli studi di Padova e Fotografia no Istituto Europeo di Design em Roma. Residiu em Lisboa e em Roma onde trabalhou em imagem e comunicação durante mais de uma década. Atualmente reside em Évora. Foi membro fundador da revista Aula Magna. Foi Diretor de Serviços e Psicólogo da Associação Sol. Tem as suas fotografias publicadas em dezenas de revistas e publicações de grandes grupos editoriais a projetos independentes, em diversas áreas que vão da fotografia de celebridades à arquitetura, das produções de moda à fotorreportagem, da fotografia de cena a projetos de autor. Tem realizado vídeo e fotografia comercial para agências e marcas nacionais e internacionais, tais como Cartier, Norauto, Miss Sixty, Hermès, G Star, ICW, Jeunesses Musicales, Red Oak, Ben & Jerry’s, G Star, Museu Nacional de História Natural e da Ciência, Universidade de Lisboa, Delta Q, Super Bock e Fundação Eugénio de Almeida. Em paralelo tem desenvolvido diversos projetos de cariz autoral nas áreas da fotografia e vídeo, premiados e nomeados em concursos como Jovens Criadores, Prémio Autores SPA, Society for News Design. Em 2018 funda a Malvada Associação Artística, onde assume a direção artística com Ana Luena, com quem desenvolveu os projetos ‘Por Portas Travessas’ (2018), ‘Quarto Escuro’ (2018), ‘Às Portas da Cidade’ (2019), ‘Personas’ (2019), ‘Bonecas’ (2019), ‘Revela-me’ (2020/21), ‘Skholé’ (2021).

ANA LUENA (Luanda, 1974) Dramaturga, encenadora, cenógrafa e figurinista. Viveu em Luanda depois da independência, em 1982 mudou-se para Portugal. É doutoranda na Faculdade de Letras do Porto, em Estudos Literários, Culturais e Interartísticos. É Mestre de Teatro – especialização em Encenação, da Escola Superior de Teatro e Cinema do IPP Lisboa. Frequentou o Curso de Encenação de Ópera da Fundação Calouste Gulbenkian e foi colaboradora da Casa da Música durante 9 anos, onde trabalhou com Emmanuel Nunes, Antoine Gindt, Guiuseppe Frigeni, e outros. Terminou o curso profissional de cenografia e figurinos da ACE, no Porto (1995). Nesta área trabalhou com Ricardo Pais, Nuno Carinhas, José Wallenstein, Paulo Ribeiro, Rogério de Carvalho, João Garcia Miguel, André Riot Sarcey, e outros. Fundou o Teatro Bruto em 1995 e foi diretora artística e encenadora durante 20 anos. Encenou entre outros: ‘Bonecas’; ‘Lady & Macbeth’ concerto encenado; ‘É impossível viver’, a partir de Franz Kafka; ‘Objetos partidos’, a partir de Afonso Cruz; ‘O filho de mil homens’ de Valter Hugo Mãe; ‘Estocolmo’, de Daniel Jonas; ‘O sonho’, de August Strindberg; ‘A Tragédia de Romeu e Julieta’, de William Shakespeare. Nos quais trabalhou com João Lagarto, Sérgio Praia, Micaela Cardoso, Mário Santos, Peixe, Rui Lima, Sérgio Martins, Nuno Meira e muitos outros. Apresentou espetáculos no Festival Rota das Letras – Macau, Guimarães 2012 CEC, TNSJ, Rivoli, São Luiz, etc. É professora convidada no Mestrado de Artes Cénicas UÉ, 2021/22. Já lecionou na Universidade Évora, na ESMAE, ACE e BalleTeatro. Escreveu em edições da revista literária Flanzine. Trabalhou com Ao Cabo Teatro, como assistente de encenação de Nuno Cardoso. Em 2016 muda a sua residência para Évora, onde escreve e encena: ‘Nasci em 1974’; ‘Dar a voz pela alma’; ‘Quarto Escuro’; ‘Personas’; ‘Por portas travessas’, ‘Às portas da cidade’ e ‘Revela-me’. É fundadora da Malvada Associação Artística, onde assume a direção artística com José Miguel Soares.

Fotos de : José Miguel Soares

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