O Fabrico de Chocalhos, considerado Património Cultural Imaterial desde 2015, é uma arte singular que existe na região do Alentejo há mais de dois mil anos.
Ofício importante na identidade da região, esta arte preserva-se ainda sobretudo nos concelhos de Estremoz, Reguengos de Monsaraz e Viana do Alentejo, tendo sido passada de geração em geração, O centro de fabrico principal fica na freguesia de Alcáçovas,
Rui Miguel Picavéu, natural de Alcáçovas tem 32 anos e dedica-se a esta arte singular à boleia de uma tradição familiar. À margem de uma visita à Feira de Santta Catarina, em Pardais, a Rádio Campanário falou com este jovem que se dedica ao fabrico do Chocalho.
Cedo se apaixonou pela Arte. Mais ainda se afeiçoou a ela quando começou a ver e perceber como era o fabrico. Pôs mãos à obra e criou uma empresa – Oficina do Chocalho- que existe há cerca de ano e meio.
Apesar da sua tenra idade, quer da Empresa quer do fabricante, a vontade de “trabalhar em prol da salvaguarda desta arte identitária do Alentejo” cresce a cada dia que passa. Lamenta que a procura seja “baixa”. O seu mercado é em Portugal e Espanha, maioritariamente para animais e alguns para decoração.
Defende a “preservação desta tradição para combater o sério risco que se corre de no futuro existirem apenas os chocalhos e não quem os fabrica” acrescentou Rui Picavéu. Considera que deviam existir incentivos/apoios para atrair as gerações mais novas para este tipo de ofício.
Há onze anos que faz chocalhos. Rui Miguel já perdeu a conta a quantos mas um ficou-lhe na memória. Foi das suas mãos que saiu um chocalho para Marcelo rebelo de Sousa, Presidente da República Portuguesa, à data oferecido ao Chefe de Estado pelo Presidente da Câmara de Viana do Alentejo, em 2023.
Na sua memória este será um momento que não esquecerá. Descreve ter sido “uma honra levar o Alentejo e a sua terra a tão ilustre figura.”
O chocalho português é um instrumento de percussão tradicional, com um som inconfundível e um papel fundamental na paisagem sonora das áreas rurais, sobretudo onde ainda se pratica o pastoreio. A prática é transmitida de pais para filhos e requer um processo de fabrico manual muito próprio, antes das peças serem polidas e aperfeiçoadas.