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Santa Casa da Misericórdia de Mourão: “Recuperamos de uma herança triste”. Diz Provedor.

José Pedro Reis, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Mourão, concedeu uma entrevista à Rádio Campanário para falar da atual situação da instituição, destacando os desafios que enfrentou desde que assumiu o cargo em maio de 2022 e os progressos que alcançou.

Recuperação de uma Herança Complicada

Segundo José Pedro Reis, a Santa Casa herdou uma situação financeira complicada, marcada por uma dívida de 750 mil euros à banca, deixada pela gestão anterior. “Herdámos um passado triste,” afirmou o provedor, referindo-se à herança que a nova direção teve de gerir. A instituição esteve sob intervenção direta das autoridades, com comissários nomeados pela Arquidiocese de Évora para lidar com a situação.

Avanços na Estabilização Financeira

Apesar do cenário desafiador, a direção conseguiu fazer progressos significativos. Um dos passos mais importantes foi a renegociação das condições de crédito com os bancos. “Quando entrámos, as taxas de juro estavam muito elevadas, com o spred a 12 meses a mais de 4,25%. Agora, conseguimos reduzir todas as taxas para valores abaixo dos 2%,” explicou José Pedro Reis.

Além disso, a Santa Casa conseguiu desbloquear fundos que permitiram pagar grande parte das dívidas a fornecedores. “Já recebemos cerca de 95% de um valor, que totalizou 114 mil euros, dos quais 108 mil já foram gastos no pagamento a fornecedores,” destacou o provedor.

Cumprimento das Obrigações Legais e Melhorias Estruturais

Outro avanço crucial foi a regularização dos alvarás de utilização e outras certificações necessárias, que com o apoio da Câmara Municipal de Mourão e da Segurança Social, conseguiu-se resolver vários problemas estruturais que comprometiam o funcionamento da instituição, embora ainda haja alguns detalhes a serem ajustados. “Estamos a resolver os problemas que restam, como a sinalética e os mapas de evacuação,” mencionou José Pedro Reis.

Gestão Prudente e Olhar para o Futuro

Atualmente, a Santa Casa da Misericórdia de Mourão encontra-se numa posição financeira estável, com uma tesouraria equilibrada que permite responder às necessidades operacionais. A instituição, que acolhe 63 utentes e emprega 40 funcionários, tem mantido um ambiente de trabalho positivo e focado na qualidade dos serviços. “Estamos financeiramente estabilizados,” sublinhou o provedor, reforçando que a prioridade é continuar a assegurar o bem-estar dos utentes e o cumprimento das obrigações para com os funcionários.

Desafios Futuros

José Pedro Reis reconheceu que o futuro pode trazer novos desafios, especialmente no que diz respeito a questões legais e salariais. “Sabemos que há questões legais que podem surgir e que precisamos de estar preparados para as enfrentar,” afirmou. No entanto, a direção mantém-se confiante na capacidade de continuar a gerir a instituição de forma responsável e sustentável.

Conclusão

A entrevista revelou que, apesar dos desafios, a Santa Casa da Misericórdia de Mourão está agora numa posição muito mais sólida. José Pedro Reis e a sua equipa conseguiram não só gerir a herança complicada que receberam, como também colocar a instituição num percurso de recuperação e crescimento.

Com mais dois anos de mandato pela frente, o provedor expressou confiança de que a Santa Casa continuará a melhorar, cumprindo o seu papel essencial na comunidade de Mourão.

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