Gonçalo Morais Tristão, Presidente da Direção do Centro Operativo e de Tecnologia de Regadio (COTR), expressou um otimismo cauteloso em relação à campanha da azeitona deste ano, apesar das preocupações com o impacto do calor pode causar. Em declarações à Rádio Campanário, Gonçalo Tristão explicou que, até ao momento, a campanha está a correr favoravelmente, graças às chuvas iniciais nos primeiros meses do ano que foram benéficas para o olival.
“Neste momento, a campanha tem corrido bem. As chuvas iniciais foram muito benéficas para a cultura, e estes calores são normais para esta época do ano. Não há, à data de hoje, nada que nos faça prever uma campanha negativa,” afirmou.
Contudo, o presidente alertou para os possíveis efeitos adversos de episódios prolongados de calor intenso, especialmente para os olivais de sequeiro, que dependem exclusivamente da água da chuva. “Se tivermos muitos dias consecutivos de calor extremo, isso pode, de facto, afetar a cultura, porque as oliveiras já têm as azeitonas formadas. Os olivais de sequeiro são os mais vulneráveis a estes episódios,” explicou. Em contraste, os olivais de regadio têm maior capacidade de resistir a estas condições adversas, devido ao suporte hídrico adicional.
Morais Tristão destacou ainda a situação em Espanha, que é o maior produtor mundial de azeite, com uma influência significativa no mercado global. “Espanha é o principal produtor de azeite no mundo, e a produção espanhola reflete-se diretamente nos preços do mercado. A maior parte dos olivais em Espanha são de sequeiro, o que os torna particularmente vulneráveis ao calor extremo. Se a produção em Espanha for afetada negativamente, podemos esperar aumentos nos preços do azeite.,” sublinhou.
A dependência do mercado em relação à produção espanhola é tão grande que qualquer variação significativa na colheita tem impacto direto nos preços internacionais do azeite. Nos últimos anos, os preços do azeite têm sido um tema central de discussão, com a produção espanhola a desempenhar um papel vital no valor de comercialização do azeite.
“Mas, se a campanha continuar como até agora, teremos uma produção superior à de 2023, tanto em Portugal como em Espanha,” previu Morais Tristão. “Mas o impacto do calor extremo, especialmente em Espanha, é algo que precisamos monitorizar de perto, pois terá consequências diretas no mercado.”
As próximas semanas serão decisivas para o desfecho da campanha da azeitona, com a esperança de que as condições climáticas se mantenham dentro da normalidade para garantir uma produção robusta tanto em Portugal como em Espanha, assegurando, assim, a estabilidade do mercado global de azeite.