Os técnicos de diagnóstico e terapêutica decidiram manter por tempo indeterminado a sua greve, apesar de o Ministério da Saúde ter convocado uma reunião negocial para 30 de novembro.
Em causa está a “atualização da carreira” dos técnicos, porque segundo Paula Godinho, técnica de Análises Clínicas e delegada sindical do Sindicato Nacional dos Técnicos Superiores de Saúde, “nós somos um grupo de profissionais composto por 18 profissões que estão reguladas e três que neste momento falta regular”, já que os técnicos de diagnostico e terapêutica abrange “tudo o que seja as áreas de diagnostico e de terapêutica de um hospital”.
Salienta que apesar de serem licenciados, “a carreira continua estagnada no tempo desde 1999”, em que “na altura foi supostamente atualizada e foi dito pelo Governo e pelo Ministério que estava a lançar uma carreira que a essa data não estava atualizada”, realçando que “16 anos depois, e depois de termos feito uma licenciatura, continuamos a ganhar como bacharéis”. Para além da carreira não ter sido atualizada, não houve reposicionamento dos profissionais nos escalões, como refere a delegada sindical.
Acrescenta que há técnicos que embora trabalhem 40 horas e tenham contrato, “auferem uma remuneração diferente dos outros”, devido a terem celebrado um contrato há mais tempo, tendo “uma remuneração superior”, garantindo que para além disso existem “colegas com contrato individual de trabalho que nem carreira têm”.
Questionada sobre a resposta que o Governo tem dado face às reivindicações sindicais, refere que o Governo compreende, mas para que a situação se possa resolver foi-lhes dito que “faltava vir à mesa das negociações o Ministério das Finanças”.
No entanto Paula Godinho diz que os técnicos aceitam que a revisão salarial só comece a vigorar em 2018, mas exige a imediata publicação da revisão da carreira”.
No Hospital do Espírito Santo de Évora os reflexos da greve têm sido fortemente notados, já que no primeiro dia houve uma adesão de 100%, com serviços completamente parados e “desde quarta-feira até hoje (23 de novembro) apenas estão a ser assegurados os serviços mínimos na urgência e no internamento”, não existindo neste momento a realização de ressonâncias, TAC de consulta, o bloco operatório também não tem funcionado “em termos de operações programadas” e também “ a consulta externa está parada”.
Sublinha que também os tratamentos de fisioterapia e terapia da fala, bem como a parte da audiologia e das análises clinicas, não têm sido feitos porque também estes profissionais aderiram à greve, “dando apenas resposta ao internamento e à urgência”.
Com mais de cem técnicos a trabalharem no Hospital do Espirito Santo de Évora, a adesão à greve tem rondado os 80% a 90%. Paula Godinho diz que nos primeiros dias de greve, houve serviços que pararam a 100%, mas depois a cada dia têm que se tirar os números e no dia de ontem houve uma adesão “de 100% no Raio X, as análises funcionaram, hoje já não, e os colegas da cardio e da fisioterapia fizeram greve e outros não, mas temos parado todos os dias”.
Instada sobre ser uma greve longa e que coloca em causa a prestação de saúde aos utentes, a técnica de análises clinicas afirma que têm essa consciência, “mas não nos negamos a prestar os cuidados de saúde aqueles que precisam em regime de emergência ou de urgência, ou em tratamentos de quimioterapia”, ressalvando que “nenhum de nós está em greve porque quer, ninguém faz greve porque gosta. O grande problema é o Ministério não perceber o motivo da greve, ou se percebe faz de conta que não percebe. Temos consciência que estamos a prejudicar o doente, mas esperamos que o utente perceba que, caso surja uma situação que precise efetivamente de nós, nós estamos lá”, mas “enquanto não houver a resposta do Ministério e o Ministro não se designar a receber-nos e a terminar a parte da negociação que falta, não haverá fim à vista”.