O primeiro-ministro, António Costa, considerou esta sexta-feira “um passo histórico” a decisão da Comissão Europeia de assumir como “opção estratégica” o aumento das interconexões energéticas entre a Península Ibérica e o resto do mercado europeu.
“Foi um passo histórico o facto de a Comissão Europeia, na recente comunicação que fez na circunstâncias desta guerra da Rússia contra a Ucrânia, ter assumido como sendo uma opção estratégica da Europa o aumento das interconexões entre a Península Ibérica e o resto do mercado europeu”, afirmou.
O primeiro-ministro falava no Centro de Negócios da Zona Industrial e Logística de Sines (ZILS), no distrito de Setúbal, onde foi lançado o projeto Madoqua Power2x, de produção de hidrogénio e amónia verdes, do consórcio internacional liderado pela empresa portuguesa Madoqua Renewables no valor de 1.000 milhões de euros. “Há muito tempo que estas interconexões estão bloqueadas, quer as elétricas, quer por via de pipeline para o fornecimento de gás natural”, disse António Costa, considerando ser esta uma infraestrutura “da maior importância”.
O pipeline “pode ser hoje para o gás natural, pode ser amanhã para o hidrogénio verde, pode ser na combinação possível entre a utilização dos diferentes gases, mas é uma infraestrutura da maior importância”, sublinhou.
“Portugal e Espanha em conjunto têm capacidade, neste momento, já instalada para suprir 30% daquilo que são as necessidades energéticas da Europa em gás natural. Só não podemos disponibilizar essa capacidade porque não há interconexão que permita exportar esse gás natural que temos capacidade de acolher, de armazenar para o resto da Europa”, realçou.
António Costa considerou fundamental diversificar as rotas de abastecimento, afirmando: “é por isso que temos de aumentar a nossa capacidade de ‘stockagem’, de transhipping e de expedição em pipeline de exportação das interconexões do gás natural que podemos também acolher para além da produção da nossa própria energia renovável”.
O primeiro-ministro discursava durante a cerimónia de lançamento do projeto Madoqua Power2x que prevê a construção da primeira unidade de produção de hidrogénio e amónia verdes, em Sines, e o início da produção em fevereiro de 2024.
“É um excelente exemplo do que é a União Europeia, de como é possível encontrar e cooperar entre três países de uma fachada Atlântica, desde o mais nórdico, na Dinamarca, ao centro da Europa, os Países Baixos, até ao extremo sul ocidental da Europa, aqui em Portugal”, afirmou.
O projeto resulta de uma parceria entre três empresas, a portuguesa Madoqua Renewables, a neerlandesa Power2X e a gestora de fundos dinamarquesa Copenhagen Infrastructure Partners (CIP).
Trata-se de “um projeto de escala industrial” que irá “contribuir com 10 a 15% dos objetivos totais de investimento em hidrogénio de Portugal”, revelou o consórcio que estima que sejam criados 200 postos de trabalho, na primeira fase de implementação.
Através da [energia] solar e do vento, a unidade terá capacidade para gerar 500 megawats de energia para produzir numa primeira fase, “50 mil toneladas de hidrogénio verde, que pode ser usado na indústria local, e 500 mil toneladas de amónia verde, que pode ser exportado através do porto de Sines”, adiantaram os promotores.
C/Lusa