As duas empresas terão já informado os restantes parceiros das razões para abandonarem o consórcio. Projeto “mantém-se vivo e segue o seu percurso”, garantem fontes conhecedoras.
A EDP e a Galp decidiram sair do consórcio H2 Sines, o projeto de 1,5 mil milhões de investimento para produzir hidrogénio verde em Sines. O Dinheiro Vivo sabe que as duas empresas informaram os restantes membros do consórcio – REN, Martifer, Vestas e Engie – sobre a sua saída na passada quinta-feira. Fonte próxima do processo garante que o H2 Sines se mantém vivo e que segue o seu percurso. “Até vai ficar melhor, fica um projeto independente e mais internacional”, garante. Governo diz que a formalização dos consórcio “é das responsabilidade das empresas que o integram” e destaca a dinâmica do mercado, visível nos 14 projetos candidatados ao POSEUR, correspondents a 108 milhões de investimento, e que “absorvem a totalidade dos fundos disponibilizados”.
Recorde-se que, a 19 de maio, já fontes contactadas pelo Dinheiro Vivo davam como provável que o projeto H2 Sines, tal como estava inicialmente desenhado, viesse a cair. Agora, EDP e Galp já tornaram oficial a sua posição, informando os restantes parceiros do projeto. Estes foram apanhados de surpresa, embora admitam que a substituição de Carlos Gomes da Silva por Andy Brown na Galp trouxe uma visão diferente sobre a temática. “Há algum tempo que tínhamos percebido que a mudança de CEO poderia trazer algumas novidades, até porque o novo responsável do grupo achava o projeto H2 Sines pequeno”, explica. “O projeto H2 Sines perdeu dois membros, mas vai seguir em frente. Pode haver pequenas correções, mas, em termos de identidade, o projeto mantém-se similar”, garantiram ao Dinheiro Vivo fontes conhecedoras contactadas. E que adiantam que a Galp, que tinha “claramente a liderança do H2 Sines”, quer avançar com o seu próprio projeto, “diferente deste”.
Contactada, fonte oficial da empresa assegura que a Galp mantém “todo o interesse e empenho no desenvolvimento de projetos de produção de hidrogénio verde”. Quanto ao projeto H2 Sines, “a empresa não tem neste momento qualquer comentário a fazer”. Para quarta-feira, dia 2 de junho, está agendado o Capital Markets Day da Galp, sendo de esperar que haja novidades sobre esta matéria.
Já a EDP diz não ter qualquer atualização a fazer ao tema do hidrogénio em Sines. O grupo anunciou, na apresentação do seu novo plano estratégico para 2021-2025, que irá investir 40 milhões no hidrogénio verde. Miguel Stilwell de Andrade, CEO da companhia, explicou então que a empresa pretende 250 megawatts de eletrolisadores, que levarão a um investimento adicional de 0,5 a 1 gigawatts (GW) em renováveis, tendo já em desenvolvimento, “a nível global”, cerca de duas dezenas de projetos nesta área.
A REN remete para a posição tomada quando surgiram os primeiro rumores sobre o desmatelar do mega consórcio para o projeto H2 Sines, referindo que a sua participação será sempre de âmbito restrito, em função das atividades permitidas pelos contratos de concessão. “A REN não vai estar envolvida na geração e comercialização de energia ou hidrogénio, nem na sua produção industrial”, especifica fonte oficial da empresa, acrescentando que a companhia disponibilizará as suas infraestruturas e serviços “a todos os clusters de hidrogénio que venham a ser criados em Portugal, participando nas iniciativas de promoção do acesso ao mercado desta forma de energia suportadas nas infraestruturas de serviço publico”.
Apesar das saídas, o projeto em Sines segue o seu rumo, asseguram os restantes intervenientes. “Ainda hoje há mais uma etapa na submissão do H2 Sines ao Projeto Importante de Interesse Europeu Comum (IPCEI) Hidrogénio”, asseguram.
Da parte do Governo, a situação é desvalorizada. “A formalização dos consórcio é da responsabilidade das empresas que o integram”, refere fonte oficial do Ministério do Ambiente, sublinhando que “a atual dinâmica do mercado nacional conta com vários projetos, com capacidade de execução um pouco por todo o país, e em diversos setores”. A ilustrar esta dinâmica estão, diz, os 14 projetos candidatados ao POSEUR, com um valor de investimento de 108 milhões de euros, “que absorvem a totalidade dos fundos disponibilizados”.
Sobre a candidatura ao IPCEI Hidrogénio, o Ministério destaca que, nos últimos meses, decorreram reuniões preparatórias entre Estados-membros e a Comissão Europeia, sob coordenação da Alemanha, das quais resultou a “construção de uma ferramenta a nível europeu para recolha de dados dos projetos potenciais para a fase de match-making europeu”, através do qual os projetos são ligados entre si para formar um IPCEI, tendo como objetivo agregar em cadeias de valor, identificar e completar os elos entre os projetos.
A situação está, agora, numa “etapa intermédia” que permite à Comissão Europeia uma “visão global” dos vários potenciais projetos, mas, “face à quantidade de projetos resultantes para a cadeia de valor hidrogénio dos vários Estados-Membros, prevê-se que venham a existir vários IPCEI”, adianta o Ministério. O primeiro deverá ser “definido até ao verão”.
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