A festa fez-se de música, prémios, animação e emoção. Celebraram-se 15 anos de “história” e de “estórias”. De cumplicidade mergulhada em ambiente familiar. De dias melhores e outros menos bons. Como em tudo na vida. Cantaram-se os parabéns em redor de um generoso bolo de aniversário. Deram-se vivas e uma salva de palmas para todos os que têm ajudado a construir o Solar do Poço Coberto. A casa de repouso de Estremoz onde passarinhos e cágados também têm lugar.
Já a música tradicional alentejana tinha partilhado “palco” com célebres ritmos espanhóis, quando chegou a hora de cantar os parabéns a um dos utentes que celebrava 90 anos e entregar os prémios aos vencedores dos torneios de bingo, dominó e cartas.
Perder ou ganhar pouco importa. A maior vitória é manter os utentes ativos, como assinala Sónia Linhol Gomes, que, juntamente com o marido, Manuel Gomes, assume a gerência do lar.
“É preciso que não estejam sempre sentados no sofá. Temos que arranjar forma de os manter ocupados. Alguns acomodam-se, dizendo que já trabalharam muito e que estão cansados, mas temos que puxar por eles”, revela, acrescentando que em dias de “maior agitação”, como foi o exemplo da festa do aniversário, é mais fácil conquistar a participação. Até a hora do lanche passou despercebida.
“Temos uma família aqui montada entre residentes, nós, a equipa técnica e auxiliares, onde os dias melhores compensam os mais difíceis”, sublinha Manuel Gomes, alertando que a elevada faixa etária com que o lar trabalha – muitos acima dos 90 anos – eleva o grau de exigência, sobretudo entre os utentes com demência e mais dependentes.
“Ao princípio, os utentes ainda chegavam independentes ao lar. Havia quem fosse a Badajoz no seu carro comprar rebuçados para todos. Mas agora já são poucos os que ainda trazem o seu carro para ir visitar a família”, descreve Manuel Gomes.
Também por isso o casal lamenta as dificuldades atuais em garantir mão-de-obra que ajude a responder aos vários desafios. “Ainda esta semana tivemos aqui a vice-presidente da Câmara de Estremoz – Sónia Caldeira – a quem falámos nisso, porque não temos pessoas para trabalhar”, enfatiza Sónia Linhol Gomes.
A mesma responsável alerta que mesmo as pessoas a quem o lar tem dado formação ao longo de dois ou três meses “acabam por sair quando já estão aptas. Antes, tínhamos uma vaga e 15 ou 20 entrevistas. Hoje temos uma vaga e não temos pessoas para trabalhar”, relata, acrescentando que nem o próprio Instituto de Emprego e Formação Profissional está a conseguir responder a esta dificuldade.