Ao se pensar em Alentejo, associa-se a várias componentes, como as paisagens de planícies, as suas gentes e como estas levam a vida, a cultura, mas também a gastronomia. A gastronomia alentejana é um dos principais pontos atrativos de Portugal, visto que tem caraterísticas muito próprias da região. A criatividade e variedade de ingredientes fizeram dos alimentos uma riqueza de sabores. Entre muitos pratos típicos do Alentejo, há um que se destaca de forma nítida: as sopas e açordas. Aqui os alentejanos podem gabar-se por serem pratos específicos da sua terra, que agora chegam a todo o país.
Com o objetivo de perceber se estes pratos continuam a ser servidos diariamente nas casas, a Rádio Campanário foi até Bencatel, freguesia do município de Vila Viçosa, falar com alguns cidadãos. Nesta região reside maioritariamente população idosa, que são quem passam a tradição para as próximas gerações. Florentina, referiu algumas das sopas que mais gosta “sopa de tomate, açorda de alho, sopa de cação, de gatas feita com bacalhau, as migas, cozido de grão e cozido de couve e repolhos” e confessou continuar a confecionar estas e outras sopas todos os dias “agora também já fazemos mais umas coisas à moda moderna”.
A cidadã menciona que “toda a vida se fez e continuará a fazer-se”.
Existem várias formas de cozinhar estes pratos, variando de região para região e claro, adaptado aos gostos. Florentina conta que “o ensopado de borrego à antiga era só feito com carne e os temperos. As pessoas agora põem ervilhas e batatas, mas o meu marido não gosta porque tira o gosto à carne. Ficava mais adocicada”.
Nesta casa, as sopas continuam presentes de forma diária, e assim como na de Florentina, são quase todas que as mantêm presentes esta tradição, no entanto, “só quem tem malta nova, filhos, é que fazem outras coisas porque não gostam de coisas antigas”, refere Florentina.
Para Jesus Malta, os pratos preferidos são à base de “sopa de tomate, açorda, sopa de cação e migas”, acrescentando que gosta “de toda a comida”.
Numa rua paralela encontrava-se Maria Francisca que contou que cozinha “quase todos os dias a sopa alentejana”, reforçando que “somos do Alentejo, gostamos da nossa tradição”.
Maria numerou também alguns dos seus partos eleitos, que são entre eles a “açorda, sopa de tomate, migas, feijão com batata e sopa de cação”, adiantando que varia nas opções “qualquer uma, aqui não há hábito. Quando à a fazer, é qualquer uma”.
