Uma cria de tartaranhão-caçador nascida em cativeiro, e seguida por gps/emissor, chegou ao continente africano. O exemplar tinha sido libertado no dia 25 de agosto em Castro Verde.
Já está em África, depois de vaguear pelo Alentejo durante 35 dias.
No dia 28 de setembro iniciou a sua viagem em direção a Faro, sobrevoou o oceano Atlântico e entrou no continente africano a sul de Casablanca, Marrocos. Durante esta viagem atingiu uma altitude máxima de 2088 m e a velocidade de 18 m/s (aproximadamente 65 km/h). A travessia terá durado cerca de 12 a 13 horas.
Este tartaranhão-caçador foi resgatado da natureza, , juntamente com outras 17 crias, criadas em cativeiro e preparadas para libertação ao abrigo do Plano de Emergência para a Recuperação do Tartaranhão-caçador, implementado pelo ICNF. Esta espécie, que tem um estatuto de ameaça “em perigo” de extinção, apresentou decréscimo muito significativo do número de indivíduos, estimando-se uma perda de população de cerca de 85% nos últimos 10 anos.
A chegada a África de um exemplar marcado, vem confirmar a importância e o sucesso deste tipo de programas na recuperação de espécies ameaçadas e permite ter esperança que estes exemplares possam voltar a nidificar em Portugal, dentro de 2 ou 3 anos. Para além do emissor, estes exemplares foram também anilhados.
Este processo de salvamento iniciou-se em finais de março com a deteção de casais em áreas potenciais de reprodução, nomeadamente em áreas destinadas à produção de feno. Já em maio/junho foram recolhidos ovos e encaminhados para um centro de criação, onde foram incubados em instalações especializadas para o efeito. O processo implicou a monitorização constante para maximizar o sucesso da operação. A passagem para uma jaula de grandes dimensões permitiu completar o crescimento da jovens águias e o treino de voo e de caça.
O ICNF considera que este plano de resgate em situações críticas de ameaça na segurança de ninhos, associado à medida estabelecida no PEPAC (Plano Estratégico da Política Agrícola Comum), que tem como objetivo compensar os agricultores pela perda de rendimento resultante da implementação de práticas culturais associadas à criação de áreas de proteção com um hectare em redor dos ninhos de tartaranhão-caçador, onde se pretende que não ocorra a colheita ou corte antecipado das mesmas, contribuem para a preservação da espécie.
Fica um agradecimento público a todos os intervenientes neste caso de sucesso, nomeadamente aos agricultores e suas associações, à LPN – Liga para a Proteção da Natureza, à empresa Gonçalo George Unipessoal, à Birds & Nature Tours, Lda., e a todos os trabalhadores do ICNF envolvidos nas diferentes fases do processo.
Fonte/Foto: ICNF