“A taxa de suicídio no Alentejo é o dobro da média nacional”, refere Ana Matos Pires, diretora do serviço de Psiquiatria do Baixo Alentejo.
Em 2017, ocorreram em Portugal mil mortes por suicídio, sendo que cerca de 200 pessoas tinham entre 45 e 54 anos.
De acordo com a Direção-Geral da Saúde, estima-se que ocorram, anualmente, cerca de 15 mortes por suicídio, por 100.000 habitantes.
Os últimos dados oficiais, divulgados pelo INE em 2017, evidenciam que, no Alntejo, há 54,2 mortes por suicídio por 100 mil habitantes, contra 22,4 no restante território nacional. O fenómeno afeta sobretudo os homens com 43,6 óbitos por 100 mil habitantes no Alentejo; e 17,4 no resto do País. Para além da taxa de suicídio, é também no Alentejo que problemas como a depressão, ansiedade e demência ganham maior expressão, quando comparados com o resto do país.
O estado da saúde mental na região alentejana é muitas vezes explicado usando o isolamento como causa principal. Ana Matos Pires não afasta a importância desse fator, mas alarga a resposta a um conjunto bem mais vasto de circunstâncias. “O isolamento é certamente importante, mas é na precariedade brutal de recursos humanos que coloco o acento tónico”, diz a psiquiatra, acrescentando que, “quando aqui cheguei, em 2013, havia um psiquiatra reformado e um outro colega que fazia 16 horas de trabalho por semana. Hoje somos, para todo o território do Baixo Alentejo, quatro psiquiatras e três prestadores de serviço”.
Fonte: Jornal de Notícias.