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Terras sem Sombra «é um festival que enverga bem a camisola do Alentejo». Já se prepara a edição 2022!

Castelo de Vide, Alter do Chão, Arraiolos, Viana do Alentejo foram as localidades alentejanas que este ano receberam, pela primeira vez, o Festival Terras sem Sombra, que terminou no passado fim de semana, no concelho de Odemira, avança o portal “Sul Informação”.

Numa temporada diferente do normal – já que o festival costuma decorrer de Janeiro a Junho – devido à pandemia, este ano houve um total de dez fins de semana dedicados à grande música, mas também ao património e à biodiversidade, em localidades de todo o Alentejo, do Norte ao Litoral, do Central ao Baixo.

José António Falcão, diretor geral do Festival, fazendo um balanço, salientou que, com esta que foi a 17ª edição, «apercebemo-nos que se trata de um festival que enverga bem a camisola do Alentejo», uma vez que, «já pelo terceiro ano consecutivo, mas agora de uma forma mais sistemática, houve atividades nas quatro subregiões do Alentejo».

Em 2021, nos meses de Junho, Julho, Agosto e Setembro, houve atividades em Barrancos (19 e 20 de Junho), Alter do Chão (26 e 27 de Junho), Arraiolos (3 e 4 de Julho), Santiago do Cacém (17 e 18 de Julho), Castelo de Vide (31 de Julho e 1 de Agosto), Beja (7 e 8 de Agosto), Sines (21 e 22 de Agosto), Ferreira do Alentejo (4 e 5 de Setembro), Viana do Alentejo (12 e 13 de Setembro) e Odemira/Vila Nova de Milfontes, (18 e 19 de Setembro).

«O resultado foi positivo e, sobretudo, sentimos que havia a noção de um conjunto, que era algo que não era óbvio de início», acrescentou José António Falcão, em declarações ao Sul Informação.

É que o Terras sem Sombra nasceu no distrito de Beja, mas hoje pertence a todo o Alentejo. «Ele nasce no Baixo Alentejo e no Alentejo Litoral. Mas depois foi-nos lançado o repto por parte de duas instâncias, a Entidade Regional de Turismo e a própria Direção Regional da Cultura, para pensarmos a possibilidade de alargar». E foi isso que foi feito.

«Como encontrámos uma abertura muito grande por parte das comunidades de diferentes concelhos, pareceu-nos que este era um caminho a seguir. Já o iniciámos há pelos menos quatro anos, mas foi em 2021 que o projeto passou a ter uma cobertura territorial mais ampla». Em 2019, o festival até deu um salto a Espanha, com concertos em Valência de Alcântara e Olivença, localidades da Extremadura espanhola com grande ligação a Portugal.

Esses laços com os parceiros de fora do Alentejo serão «retomados», garantiu aquele responsável, embora reforçando que «este é um festival que está pensado, sobretudo, para concelhos mais pequenos, concelhos menos conhecidos e concelhos onde a presença de música erudita, chamemos-lhe assim, para não dizermos música clássica, é menos frequente. Nós queremos, não sacrificando a qualidade, continuar a ir ao encontro destes espaços» mais periféricos.

«A interação com Espanha não foi perdida. Diminuiu um pouco, mas a verdade é que tem existido sempre ao longo deste percurso. E é algo para nós muito importante, até porque gostaríamos de retomar a dinâmica transfronteiriça, logo que as circunstâncias o aconselhem».

Uma das principais características deste festival é convidar a uma visita mais prolongada, pelo menos de um fim de semana, às localidades que o recebem. «Há aqui uma interação muito interessante entre as dinâmicas sociais, culturais e económicas do território, mas também aquilo que é a realidade do Terras sem Sombras», salientou José António Falcão.

«Na realidade, interessa-nos muito que haja esta permuta, esta interação: não é só nós trazermos o nosso contributo, mas que os contributos do território se façam repercutir. E há uma coisa em que temos um grande orgulho, que é a possibilidade de envolver agentes locais, fazendo com que sejam de cada terra os guias das ações, as pessoas que colaboram ao nível do voluntariado e que asseguram muito do trabalho desenvolvido».

O diretor do Terras sem Sombra recordou que «o nosso público foi alvo de um estudo bastante pormenorizado por parte da Universidade do Algarve, antes da Covid. Este ano decidimos suspender, iremos retomá-lo logo que seja possível, mas a convicção com que ficamos é que a Covid reforçou esta interação entre públicos locais e públicos vindos de fora».

É que «aumentou claramente o público local e regional e nota-se que as pessoas tinham uma grande ansiedade para que o festival voltasse ao terreno».

José António Falcão não tem dúvidas em afirmar que «esta foi uma edição que correu bem, sobretudo porque teve um alto nível do ponto de vista da qualidade musical», mas também porque «quer a programação de património cultural, quer a programação de salvaguarda da biodiversidade, não só cumpriram os seus objetivos, como conseguiram levar-nos a monumentos, a sítios, a tradições que, de facto, excederam muito aquilo que tínhamos previsto de início».

Por outro lado, aludindo às restrições e dificuldades criadas pela pandemia, o diretor do festival garantiu estar satisfeito «porque, pelo menos até à data, conseguimos cumprir as normas de emergência sanitária e não houve nenhum sobressalto».

Por tudo isso, reforçou, «num ano tão difícil como este, o balanço é francamente positivo».

E já está a ser preparada a edição do próximo ano? «Estamos a trabalhar, naturalmente um bocadinho à distância, as edições dos dois próximos anos, particularmente a de 2022. Mas estamos também um bocadinho na expectativa de perceber como é que vai ser a evolução da pandemia. No sentido de perceber se podemos ater-nos ao nosso calendário, que é um calendário sobretudo de Inverno e Primavera, ou se vai ser necessário empurrar um pouco mais para diante», como aconteceu este ano.

«O sentimento que temos é que é possível realizar iniciativas como esta com responsabilidade e, também, com um sentido de muita proximidade com os outros agentes que são aqui importantes. Que agentes são esses? Os municípios, as autoridades sanitárias, também as instâncias do Ministério da Cultura. E depois muito, muito, os músicos», frisou.

Nas suas declarações ao Sul Informação, em jeito de balanço, o diretor do festival fez questão de dizer que «há aqui um papel importante desempenhado pela imprensa regional e, particularmente, pelas rádios locais. Como nem todas as pessoas podem participar nas iniciativas, porque estão a trabalhar, ou porque estão doentes, ou porque estão fora do território, ou por qualquer outro motivo, tem havido uma experiência muito interessante da partilha através destes canais».

E é uma partilha que «tem um ir e voltar, ou seja, temos também recebido contributos e até sugestões muito interessantes, na descoberta dos patrimónios locais, ao nível da vertente cultural e da vertente da biodiversidade». A verdade «é que o público está-nos a dar também as suas sugestões, os seus contributos nesse sentido», uma vez que, «às vezes, os técnicos que connosco colaboram conhecem os territórios de uma forma, mas as pessoas que nele vivem durante todo o ano e que pisam esse terreno diariamente vêem-no de outra maneira. E têm-nos dado contributos muito interessantes».

«Sobretudo percebemos que o modelo, assim mais alargado, funciona, e encontramos um público muito entusiástico em zonas que são um pouco mais distantes daquilo que era a nossa faixa habitual».

Depois de ter tido como mais recentes países convidados a República Checa (em 2020, numa edição que teve de ser suspensa pouco depois de começar) e a Bélgica (em 2021), qual será o próximo país convidado?

«Ainda não temos esse país escolhido. Temos várias alternativas em carteira, penso que, em um ou dois meses, já será possível ter uma noção clara a esse respeito», respondeu José António Falcão.

Ao público cada vez mais alargado e fiel do Festival Terras sem Sombra, só resta esperar que a nova programação seja anunciada, lá mais para o fim do ano.

In https://alentejo.sulinformacao.pt/

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