O Alentejo é uma Região onde o clima é muito específico e onde o Verão é tórrido e o inverno pode ser gélido.
Quem nos visita nestas alturas do ano sente na pele os extremos do clima mas quem por cá permanece, já está mais do que habituado.
Ainda, assim, e com as últimas semanas a registarem temperaturas bastantes mais baixas do que o habitual, os Alentejanos arranjam formas de combater o frio que se tem feito sentir.
A Rádio Campanário esteve na Aldeia da Nora, no concelho de Borba, e falou com Ildo letras, habitante desta localidade, e fomos perceber como é que este Alentejano faz frente às temperaturas baixas que se têm verificado.
Ildo letras diz que o frio tem sido muito e explica que “no Alentejo é sempre com mais graduação”. Este Norense, nos dias em que o frio não dá tréguas, resguarda-se dele recorrendo “ao ar condicionado ou deitado ou então através do recuperador de calor.”
Em tempos teve chaminé, conta-nos, mas “agora isto já é uma coisa mais moderna” explicando ainda “o lume de chão é que era bom, aquecia os pés e a casa.”
Os invernos de antigamente “eram mais rigorosos” e antigamente chovia mais. Ildo Letras tem 88 anos e já viveu muito. Diz que as novas gerações reclamam “mas não sabem as dificuldades que existiam anteriormente”.
Relembra estes tempos difíceis “as invernas eram passadas aí no meio dos montes, a pedir um pouco de pão ou carne.”
Trabalhou desde os 10 anos de idade até aos 84 anos. Guardar Porcos e cavar numa vinha foram os seus primeiros empregos. Foi à escola apenas até à quarta classe. Aos 14 anos ficou o chefe de família, uma responsabilidade que lhe foi atribuída pela morte precoce do Pai.
Está reformado e a vida está difícil, queixa-se. Tem uma reforma, “e vive do pé de meia que criou…vai chegando, com uma boa gestão.”
Os dias são passados junto ao Café que existe ao lado da sua casa mas a noite, essa é a mais difícil.
Viúvo há um ano, “a solidão instala-se nos serões de inverno, longos, onde a falta da companheira o deixa muito triste.”