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Ucrânia: Mais de 30 refugiados acolhidos em Évora com palmas, flores, brinquedos e lágrimas de alívio!

Um ‘coro’ de palmas, flores, brinquedos e lágrimas de alívio dos familiares marcaram hoje a chegada, a Évora, de mais de 30 refugiados ucranianos, agradecidos pelo ‘resgate’ da guerra e o regresso da liberdade.

“Muito obrigada a todos, muito obrigada a todos”, diz em português, com insistência, Irina Tarnavska, ao pé de uma das carrinhas que a transportou desde a fronteira da Polónia com o seu país natal, a Ucrânia, até à cidade alentejana de Évora.

Rodeada pela irmã e sobrinha, respetivamente, Maria Vaskiv e Nataliya Chereshnya, que moram no Alentejo e aguardavam a sua chegada com “stress” e “ansiedade”, Irina não sabe mais palavras em português.

Mas, a expressão que aprendeu na viagem, com os voluntários da caravana humanitária, expressa bem o seu agradecimento, visível também no sorriso que se lhe ‘rasgou’ no rosto, misturado com lágrimas, mal se reuniu com a família.

“Só isto, só aprendeu isto”, diz Natalyia, relatando que a prioridade, agora, vai ser deixar a tia “descansar, dormir e relaxar a cabeça”, se bem que reconheça que “vai ser difícil”, perante a guerra na Ucrânia.

Irina é um dos elementos do grupo de mais de 30 refugiados, incluindo 11 crianças, que chegou esta tarde a Évora, trazidos pela caravana humanitária, com seis carrinhas, que partiu desta cidade alentejana na quarta-feira à noite.

À espera deles, estavam familiares, pessoas que se disponibilizaram para os acolher e até um palhaço e o ‘Mickey’ e a ‘Minnie’, que procuraram animar as crianças do grupo.

A receção contou também com a participação de muitos habitantes, que levaram roupa e brinquedos ou que, simplesmente, quiseram acarinhar e brindar os ucranianos com um longo ‘coro’ de palmas.

“Foi uma viagem muito dura, muito emocionante. O que nós vimos lá é duro, nem tenho palavras para explicar”, conta, com a voz embargada pela emoção, um dos voluntários da caravana, Rúben Leitão.

Na fronteira polaca de Rawa Ruska, onde foram buscar os refugiados, “vê-se pessoas a dormir nos carros, com os carros a trabalhar”, incluindo crianças, e pessoas que “fugiram da Ucrânia e estão a dormir na fronteira para se sentirem mais seguras”, conta.

“É um clima horrível de se ver”, sublinha Rúben, um dos motoristas desta viagem, que lhe deixou “o coração cheio” por poder ajudar e que pode repetir-se: “Estamos a pensar fazer a segunda volta”.

No total, foram 14 pessoas para conduzir as viaturas, sendo que 12 se revezavam e outros dois foram suplentes, para ‘atravessar’ a Europa e percorrer os cerca de 7.200 quilómetros, ida e volta: “Conduzimos sem parar. Era um a descansar, outro a andar, sem dormir”.

O cansaço valeu a pena para ir buscar todas estas pessoas, que “vêm um bocadinho com medo, muito caladas, muito tímidas. Vê-se que vêm de um ambiente de terror”, partilha Rúben.

Outro dos reencontros à chegada a Évora foi o de Nadia Teixeira, ucraniana que mora em Portugal, com a sua amiga Yulia Ivanova e a filha, Polina, de 10 anos, que conseguiram sair de Chernihiv, cidade “cercada pelos russos” e alvo de bombardeamentos.

“Disse-lhe que se conseguisse sair da cidade para ir para a fronteira que eu a recebia na minha casa. Ela tentou e conseguiu, graças a Deus”, relata Nadia, que tem os pais e outros familiares no país natal, de onde não conseguem sair.

Ainda mal refeita da viagem e daquilo que viveu, Yulia não tem muitas palavras, mas há algo que aceita dizer, com a ajuda da tradução da amiga. Depois do cerco e dos bombardeamentos russos, volta hoje, em Portugal, a “sentir a liberdade”.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, um ataque que foi condenado pela generalidade da comunidade internacional.

Fotos: Paula Nunes(Facebook)

C/Lusa

 

 

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