10.9 C
Vila Viçosa
Quinta-feira, Março 28, 2024

Ouvir Rádio

Data:

Partilhar

Recomendamos

“É um orgulho para os campomaiorenses sentirmo-nos a “um passo” da nossa arte ser reconhecida pela UNESCO”, diz João Muacho (c/som)

A candidatura das Festas do Povo de Campo Maior a Património Cultural Imaterial foi aceite pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura e vai ser analisada no decorrer da 16ª sessão do Comité do Património Mundial, a realizar entre 13 e 18 de dezembro, em Colombo, Sri Lanka.
Depois de inscrito no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, o dossier – desenvolvido pela Turismo do Alentejo / Ribatejo, pela Câmara Municipal de Campo Maior e pela Associação das Festas do Povo de Campo Maior -, recebeu agora luz verde da UNESCO para ser votado pelos membros do Comité no decorrer dos trabalhos onde vão ser avaliadas 60 candidaturas de bens e manifestações apresentadas por diferentes países.
As Festas do Povo de Campo Maior, que acontecem quando o povo quer, têm a sua génese no final do XIX, são pensadas pelos campomaiorenses e envolvem toda a comunidade local que, durante cerca de nove meses, trabalha de forma voluntariosa para embelezar com criatividade as ruas da vila, mantendo em segredo as temáticas das coloridas e floridas decorações até ao dia da inauguração do evento.

A Rádio Campanário falou com João Muacho, presidente da Câmara Municipal de Campo Maior, sobre a Candidatura das Festas do Povo de Campo Maior aceite pela Organização das Nações Unidas.

Questionado sobre se este foi um dia muito importante para Campo Maior, João Muacho referiu que “eu começaria por dizer que o sonho está mesmo aí ao virar da esquina”, acrescentando que ” esta iniciativa para podermos ser votados como Património Cultural e Imaterial da UNESCO, este ano no Sri Lanka entre o dia 13 e o dia 18 de dezembro, é um extremo orgulho para todos os campomaiorenses e para Campo Maior.”

Segundo o autarca, “é uma candidatura que vem sendo trabalhada de há uns 5 ou 6 anos, através da Entidade Regional de Turismo do Alentejo, o Município e a Associação das Festas do Povo de Campo Maior”, sublinhando que “é um orgulho para Campo Maior podermos saber, ou ter a espectativa, de que vai acontecer um momento único para o Alentejo, neste caso poderá ser o sexto título da UNESCO para a nossa região”. De acordo com João Muacho esta candidatura é destacar e afirmar “em nome de todos os campomaiorenses esta extrema manifestação pela arte de que nós temos de trabalhar o papel, esta arte efémera e que tão bem caracteriza Campo Maior e os campomaiorenses.”

Questionado sobre a reação que os campomaiorenses tiveram quando receberam a notícia da candidatura das Festas do Povo a património da UNESCO, o presidente revelou que “a reação é de grande satisfação, até porque nós já aguardávamos, há algum tempo, que este dia pudesse chegar,” salientando que “o ano de 2020 se não tivesse tido a questão da pandemia, certamente já poderíamos ter sido votados em finais de 2020.”  Segundo o autarca “as muitas mensagens que recebi, inclusive de pessoas amigas, não só do concelho de Campo maior, mas também do exterior, é na expetativa de que possamos vir a ser reconhecidos como Património Imaterial e Cultural da UNESCO.”

Por enquanto, resta “aguardar com uma expetativa muito alta, preparar certamente uma comitiva que se desloque de Campo Maior até ao Sri Lanka, e depois, aguardar que este momento histórico para Campo Maior, possa realmente acontecer nas datas que estão previstas”, referiu João Muacho.

Questionado sobre o que poderia ter despertado o interesse na UNESCO pelas Festas do Povo de Campo Maior, João Muacho revela que terá sido “a forma tão característica como se preparam, como se organizam e como decorrem as Festas do Povo de Campo Maior,” acrescentando que “quando nós dizemos Festas do Povo, na verdade, elas são as Festas do Povo de Campo Maior, só ocorrem de quando a quando, e quando a vontade do povo assim o quer.”  

“Todos estes pormenores, que são de maior, tem uma extrema importância naquilo que foi o levar as Festas do Povo de Campo Maior à UNESCO, para que pudessem ser votadas,” acrescentando que “estamos aqui a falar de situações em que os mais velhos ensinam os mais novos, que se vão perpetuando de geração em geração, e que, felizmente, ainda está muito presente em Campo Maior”, conclui o presidente.

O que é que pode mudar se se concretizar a expetativa?

Caso se contretize a expectativa da Festa do Povo de Campo Maior, podem existir algumas mudanças para Campo Maior, segundo João Muacho,  “estou em querer que, com o reconhecimento da UNESCO, este alargar de potenciais turistas e de visitantes até ao concelho de Campo Maior vai aumentar,” acrescentando que “só vem dignificar e reconhecer aquilo que é um trabalho que os campomaiorenses fazem, de quando a quando, com muito carinho e com muita dedicação.”

Este reconhecimento pela UNESCO pode alavancar a economia de Campo Maior e, segundo o presidente, “é essa a nossa perspetiva, é que nessa semana Campo Maior, para além de ter aqueles visitantes que é habitual ter, possa na verdade incrementar, sendo uma alavanca para o setor da economia, nomeadamente do turismo e da restauração, e todos aqueles que migram um pouco aqui em volta destas situações.”

Questionado sobre se caso as Festas do Povo de Campo Maior se tornem património da UNESCO haverá festa em Campo Maior no próximo ano, João Muacho refere que “não lhe posso responder, as Festas do Povo de Campo Maior só se realizam quando o povo assim decide”, concluindo que “vamos ter que esperar por dezembro, onde certamente vamos ser classificados como património da UNESCO e, quem sabe, seja um pequeno ou grande “input” (impulso), para que os Campomaiorenses decidam poder realizar ou organizar as Festas do Povo no próximo ano em 2022.”

 

 

 

Populares