O fadista e poeta José Fialho, natural de Alandroal, esteve á conversa com a Rádio Campanário sobre o seu novo trabalho “Vivências”. Nesta conversa, começou por contar como começou o seu percurso pelo Fado, revelando oque foi “por um acaso”.
Segundo fadista “foi uma história de beneficência”, em que um amigo seu lhe propôs que cantasse Fado numa casa onde dizia poesia em Borba. José Fialho aceitou a proposta, isto para oferecer os seus ganhos a uma senhora que tinha visitado nesse dia e que o havia deixado desanimado.
José Fialho refere que a beneficência sempre esteve presente na sua personalidade, mas normalmente “não escrevo na testa”, mencionou, acrescentando que “sempre que tinha 20, e alguém precisava de 5, de uma maneira ou de outra fazia os possíveis para que as coisas chegassem lá”.
O artista revela a admiração pela poetisa Florbela Espanca, dizendo que “estava muito á frente do seu tempo”, e caracterizando-a como “uma sonetista completa”.
“O canto do fado”, foi o primeiro tema, neste estilo musical, que cantou por ser o único que se lembrava, após isso “acabei com a sala de pé”, refere José Ficalho, reconhecendo ter ficado “intimidado” com o público presente.
Em torno dos fados apresentados no seu novo trabalho, revela que a primeira faixa (Natália) foi escrita pelo autor e é dedicada á sua mulher, e a última (O meu Coração Está Perdido), também escrito por si, recorda com alguma emoção o momento em que escreveu e diz achar “que não consigo ainda” entoar este tema.
Os filhos, os netos e o Fado, neste momento, são a alegria do fadista e reconhece que “gostava de ter mais alguns anitos, para poder dedicar ao Fado aquilo que dediquei á poesia”. José Fialho acrescenta ainda que na poesia “sei o que faço”, mas no fado “às vezes sai fora de tom, mas tento corrigir as coisas”, mencionou.
É com o apoio das aulas de canto no Conservatório de Évora em que tem “uma ótima professora” que trabalha essa correção, em que tenta “fazer sempre o melhor”, acrescentando que canta da maneira que sente, tendo em consideração “o público para que escrevo e o público para que canto”.
José Fialho já cantou com inúmeros fadistas nacionais e em vários locais, dos quais diz que “foram excecionais para comigo”, referindo que após o falecimento da sua esposa, “foi o sítio onde eu encontrei mais apoio”.
O fadista diz não ser perfeccionista, mas sabe “que a mensagem para passar, não pode ter ruídos”, mencionando logo de seguida o controlo da respiração e “um conjunto de pequenas coisas que é preciso nós aprendermos”.
Ter a voz, o conseguir “encarnar” um poema e pegar nele com sentimento, “não quer dizer que tecnicamente o consigamos passar”, diz José Fialho. No seu caso, aquilo que canta é 100% sentimento, refere, e “sentia-me mal de outra maneira”, acrescenta o fadista.
Quanto ao próximo trabalho é um CD “em que se diz de poesia” e vai ter “A Marcha da Alfama”, Fernando Pessoa, Florbela Espanca e seus serão dois.