A Rádio Campanário esteve em entrevista exclusiva com o Presidente da Câmara de Reguengos de Monsaraz, José Calixto, onde o edil prestou declarações acerca da situação pandémica vivida no concelho e em específico, no Lar Maria Inácio Vogado Perdigão Silva.
Um surto no lar da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva (FMIVPS), em Reguengos de Monsaraz, detetado a 18 de junho de 2020, provocou um total de 162 casos de infeção e 16 óbitos em utentes.
O Presidente José Calixto reage a este acontecimento ao dizer que “este processo foi vivido com um dramatismo imenso.” Continua que “Reguengos foi um dos primeiros [concelhos] que teve um impacto mediático de uma dimensão acima ainda do dramatismo que vivemos.”
“Reguengos não sabemos muito bem porquê teve um mediatismo absolutamente anormal face uma realidade dramática que é transversal a todo o país.”
O Presidente relembra que neste momento existem situações de surtos em lares por todo o país, e esclarece que a situação em “Reguengos, não sabemos muito bem porquê, teve um mediatismo absolutamente anormal face uma realidade dramática que é transversal a todo o país.”
O edil, mediante a pressão vivida no concelho após e durante o surto, admite que isso “preparou-nos para tudo aquilo que pudesse vir a seguir. Temos hoje uma das duas únicas infraestruturas supramunicipais do Alentejo Central para acolher os casos que possam existir em lares e em infraestruturas socias de IPSS´s. O Parque de Feiras e Exposições continua preparado para cerca de 8 dezenas de utentes,” adianta o Presidente.
Relembre-se que no dia 23 de junho, com o crescimento de casos positivos dentro lar, a situação foi comunicada à direção do agrupamento de centros de saúde e à autoridade regional de Saúde do Alentejo. Os casos positivos foram transferidos para uma Zona de Concentração e Apoio à População (ZCAP).
O Presidente José Calixto, em relação à ZCAP, relembra que esta está montada desde março. No entanto, “obviamente que houve um ajustamento às características daquele surto. Tendo sido um surto grande, houve um ajustamento do número de camas articuladas, o número de duches, as zonas de transição de zonas contaminadas para zonas não contaminas. Isso foi feito em 24 ou 48 horas.
Questionado sobre a escassez de camas e a prontidão para mobilizar todos os equipamentos em falta, José Calixto defende “as camas estavam lá. A única questão era a dimensão do surto. Desde o primeiro momento que a proteção civil de Reguengos alertou que nós tínhamos essas infraestruturas preparadas, não era meia dúzia de camas que ia atrasar a operação. O que atrasou a operação foi a determinação de se mudarem [as camas] para lá.”
“Porque nós, muito antes de mudar os [casos] positivos para a ZCAP nós fizemos uma operação de mudar os negativos. Nós tivemos no concelho de reguengos três infraestruturas de retaguarda a funcionar ao mesmo tempo” esclarece.
“O que atrasou mais a utilização daquela infraestrutura de retaguarda, teve haver com a nota da saúde pública que tudo aquilo que eram ar condicionados de circulação de ar eram prejudiciais à propagação da doença, conclui José Calixto.
À margem do uso de infraestruturas, o edil presta declarações acerca da avaliação dos doentes, perante denuncias que os utentes se encontravam desnutridos e desidratados. “O que é certo é que no dia 30 de junho de 2020, houve uma avaliação clinica de todos os utentes por parte da medicina hospitalar do Hospital do Espirito Santo de Évora, e não houve um único com critérios de internamento hospitalar
“Neste momento olho para as 800 páginas que é o relatório da Proteção Civil Municipal de Reguengos de Monsaraz e não encontro páginas que eu não tivesse a obrigação de as repetir.”
O Presidente José Calixto, relembra os esforços que foram feitos naquela altura ao ter preparado “atempadamente uma infraestrutura no hospital de Évora que permitiu ter capacidade de ventilação de doentes graves. Foi também em março que nós arranjamos 300 mil euros para meter num hospital que tinha cinco ventiladores com 25, quintuplicamos essa capacidade.”
Confrontado com a realidade do lar da Fundação Maria Inácio Vogado Perdigão Silva depois do surto, o Presidente de Reguengos diz que “foi um ato de responsabilidade de prepararmos a fundação para uma nova fase. Não se tratou de uma requalificação, mas sim de um renascimento de uma instituição que levou 100 litros de descontaminante em tudo aquilo que era espaço dos idosos”
“Oportunidades como a que estou a ter agora, permitem-nos dizer com tranquilidade aquilo que se passou, que são narrativas muito diferentes”,confessa José Calixto.
Questionado se faria algo de diferente no combate à situação pandémica no concelho de Reguengos de Monsaraz, José Calixto admite que “todos nós aprendemos com esta história. Neste momento olho para as 800 páginas que é o relatório da Proteção Civil Municipal de Reguengos de Monsaraz e não encontro páginas que eu não tivesse a obrigação de as repetir.”
“Eu sempre disse que esta pandemia não era uma corrida de 100 metros, é uma corrida de fundo.”
Em retrospetiva, o edil reforça que foi um “trabalho imenso”. Tendo sido fornecidas cerca 14.000 refeições a lares de idosos do concelho e equipamento de proteção individual.
“Eu sempre disse que esta pandemia não era uma corrida de 100 metros, é uma corrida de fundo. Temos que estar preparados para quando é necessário, não para aparecer nas fotografias, mas para estar onde é preciso.
Para concluir, o Presidente informa que a fase vivida agora no concelho é uma de “apoio à economia e ao desenvolvimento, porque há muitas empresas e comércio local a passar mal.”