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Quinta-feira, Março 28, 2024

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Vinho das talhas, um mercado em expansão. Em dia de S. Martinho, na Vidigueira, cumpriu-se a tradição

Manda a tradição que em Dia de São Martinho se comam castanhas e se prove o bom vinho. Para realçar ainda mais esta genuína tradição, o Centro Interpretativo do Vinho de Talha (CIVT) abriu hoje, as portas ao público, como espaço de interpretação, de difusão científica e tecnológica e de divulgação do património imaterial relacionado com o saber-fazer daquele produto ancestral.

Tiago Caravana, representante da Comissão Vitivinícola da Regional Alentejana (CVRA), em entrevista exclusiva à Rádio Campanário referiu que a abertura de talhas é uma tradição com mais de dois mil anos, considerando a mesma “muito importante para a região do Alentejo uma vez que se trata de uma tradição única, estando a ser tudo feito para a preservar.”

Quanto à forma de produção deste tipo de vinho, o representante da CVRA fez uma pequena descrição de como todo o processo é feito adiantando “as uvas entram para a talha com os engaços por cima e depois têm que ser remexidas várias vezes ao dia para que se possa processar a saída dp dióxido de carbono.”

Mantendo viva esta tradição, existe também uma forte aposta na comercialização e expansão deste produto. Tiago caravanas referiu a propósito que “neste momento este vinho é uma moda mundial pois todos os países produtores de vinho estão a apostar em ensaios e na produção deste tipo de vinho”, sublinhando ainda que o facto deste vinho poder ser engarrafado “ é uma vez mais único no Alentejo pois é única a denominação de origem controlada ”vinho da talha-Alentejo doc, sendo a única regulamentação que existe no mundo para este tipo de vinho”.

Tudo isto são características únicas e que têm boa aceitação nos mercados, sobretudo no Brasil e Estados Unidos da América”, garantiu.

Quanto à forma como o Alentejo encara este tipo de vinhos, Tiago Caravanas reforçou “ que se trata de um fenómeno cultural assim como de um fenómeno social, uma vez que em Vila de Frades, todas as famílias têm o seu vinho de talha, fazendo muitas vezes competições entre si para ver qual é o melhor.”

No diz respeito à expansão deste produto, o representante da CVRA explicou-nos que “temos apostado na produção deste tipo de vinho no mercado externo, promovendo seminários com o objetivo de dar a conhecer e promover o produto.”

Segundo adiantou à Rádio Campanário, a Comissão Vitivinícola da Regional Alentejana é uma das entidades envolvidas no processo de candidatura do vinho da talha a Património imaterial da Humanidade manifestando-se “confiante de que tal se vai concretizar.”

Neste mesmo evento a Rádio Campanário esteve à conversa com Rúben Honrado, da empresa Cella Vinaria Antiqua , empresa de comercialização e produção do vinho de talha, genuíno, como se fazia há milhares de anos, abordando a importância deste produto sob o ponto de vista de quem o produz e comercializa.

Segundo Rúben Honrado, “o Dia de São Martinho é, por tradição, o dia de provar o vinho novo acompanhado de castanhas e onde, através dos eventos que se realizam, é dada a possibilidade para que as pessoas possam provar os diferentes vinhos que têm.”

Esta empresa produz e comercializa vinhos há mais de 20 anos no entanto só há cerca de 4 anos Rúben Honrado se juntou ao projeto e a partir desse momento começaram a fazer o vinho de talha certificado e engarrafado, apostando hoje em dia no mercado local, nacional e já em alguns casos, na exportação.

Relativamente ao fato de, podendo este vinho ser engarrafado e sendo feito de forma artesanal, a sua comercialização e expansão poder ou não ser rentável, Rúben Honrado adiantou “os custos são muito acrescidos porque é um processo muito manual, muito artesanal, o que requer custos de mão de obra muito elevados”, sublinhando ainda que apesar de “ por vezes ser complicada sua venda, temos conseguido encontrar os mercados certos, quer seja me zonas específicas de Portugal, quer seja em alguns Países que se mostram disponíveis para conhecer um vinho diferente e a pagar o justo preço por ele.”

Este empresário manifestou ainda confiança na candidatura deste produto a Património Imaterial da Humanidade considerando “ tem-se visto cada vez mais procura para este tipo de vinho. Temos aqui um diamante por lapidar e esta candidatura será um grande impulso para o nosso produto artesanal.”

Questionado sobre a importância que o Centro interpretativo do vinho da talha poderá ter na promoção e divulgação deste tipo de vinho, Rúben Honrado salientou “Vai ser uma grande ajuda para quem quer vir provar o vinho, poder ao mesmo tempo aprender mais sobre ele. Ter um museu que se dedica exclusivamente aos ensinamentos da técnica, será uma grande mais valia , quer para os produtores, quer para todo o território e especialmente para o vinho da talha.”

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