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A maior central fotovoltaica flutuante vai ficar na albufeira do Alqueva

Arranca hoje, 24 de novembro, o terceiro leilão de energia solar em Portugal para a atribuição de mais de 360 megawatts. A maior central flutuante (200 megawatts) vai ficar localizada na albufeira do Alqueva, no Alentejo.

O concurso prevê atribuir um total de 362,5 megawatts (MW) em sete albufeiras: Alqueva (200 MW no distrito de Évora), Castelo de Bode (50 MW, Santarém), Alto Rabagão (41,7 MW, Vila Real), Cabril (33,3 MW, Castelo Branco e Leiria), Vilar Tabuaço (16,7 MW, Viseu), Paradela (12,5 MW, Vila Real) e Salamonde (8,3 MW, Braga).

Estes mais de 360 megawatts podem gerar um investimento superior a 217 milhões de euros por parte das empresas que vencerem os lotes, nas contas do especialista em energia, António Sá da Costa, que estima um valor médio de 600 mil euros de investimento por megawatt.

“O terreno é de borla, as fundações também. Tem boias e um cabo submarino relativamente fácil de colocar, sem correntes marítimas como no mar”, sublinha o antigo presidente da Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN).

Recorde-se que Portugal leiloou cerca de 2 gigawatts de energia solar em terra nos leilões de 2019 e 2020, principalmente no Alentejo.

Portugal tem a meta de atingir os nove gigawatts de nova energia solar até 2030. O país conta atualmente com 1.250 megawatts de potência.

A EDP está a instalar um parque solar flutuante no Alqueva, com uma potência instalada de quatro megawatts. Os 12 mil painéis ocupam uma área de quatro hectares. A produção anual atinge os sete gigawattts hora, suficiente para abastecer 25% das famílias da região por ano.

No entanto, Sá da Costa alerta que este tipo de painéis requer vários cuidados que vão implicar uma manutenção diferente face aos existentes em terra. Por exemplo, no caso dos dejetos dos pássaros que podem “danificar o painel, obrigando à sua substituição”, se não houver uma limpeza regular.

E dá o exemplo do projeto Pelamis, infraestrutura piloto instalada ao largo da Póvoa de Varzim em 2008 para produzir eletricidade a partir da energia das ondas. “O Pelamis era vermelho e ao fim de seis/sete meses estava branco, por causa das gaivotas que poisavam ali durante horas. Ficavam ali porque tinham um poiso acima das águas, onde tinham uma perspetiva sobre os peixes, muito melhor para caçar do que se estivessem a flutuar. São problemas que só nos apercebemos quando estamos no terreno”.

Outro exemplo dos desafios de montar infraestruturas em ambiente aquático aconteceu também neste projeto, como recorda.  “Pusemos uma boia de apoio ao Pelamis que pesava cinco toneladas. Foi lá um navio por a boia e ficou lá durante um ano e meio. Ao fim deste tempo, fomos lá tirá-la. O navio foi tirar a boia, mas não conseguiu. O pau de carga só aguentava sete toneladas e meia; teve que lá ir outro. Quando tirámos a boia dentro de água pesava 12 toneladas e meia; tinha sete toneladas e meia de mexilhão agarrado, mexilhões com 15 centímetros de comprido. Nunca pensámos que o peso fosse tao grande”.

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