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Ao libertar seis grifos no Alentejo biólogos alertam para “falta de alimento” de outras espécies devido a “uso intensivo de inseticidas”, diz Bióloga Fábia Azevedo (c/som)

No dia 19 de dezembro amigos e voluntários do Centro de Recuperação e Investigação de Animais Selvagens (RIAS) libertaram 6 Grifos (Gyps fulvus), com origens de Mértola, Serpa, Beja, Almancil e Fuseta que estavam então com dificuldade em encontrar alimento .

Em declarações a esta estação, Fábia Azevedo (Bióloga e Coordenadora do RIAS), explicou que “todos os grifos que chegaram, apresentavam sinais de debilidade, apresentavam uma fraca condição corporal, estavam magrinhos e apresentavam sinais de estarem exaustos”. Para a bióloga as principais causas para tal são “os grifos são espécies que fazem dispersões, fazem algumas migrações, normalmente vêm do Norte e dispersam para sul” (…) “obviamente que estas viagens são muito desgastantes e eles ficam muito debilitados, eles tentam sempre fazer essas viagens no menor espaço de tempo”. Para além das desgastantes viagens, “é difícil para os grifos encontrarem cadáveres de animais para comerem”.

Após concluídos todos os procedimentos de recuperação das aves, o RIAS procedeu à sua libertação. Para tal, Fábia Azevedo refere “tivemos o apoio no transporte do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas” (…) que levaram as aves para a Serra de Alcaria, “depois de termos as caixas já alinhadas no topo da serra, abrimos as portas e os animais voaram e é sempre um momento muito marcante, pois são animais muito grandes e bonitos”.

A coordenadora alerta ainda para o facto de existirem “muitas e muitas espécies que são afetadas pelo problema da falta de alimento, temos as espécies pequeninas, os passeriformes (os passarinhos mais pequeninos) que fazem migrações de muitos quilómetros e a maior parte deles são insetívoros, e então devido ao uso intensivo de inseticidas o alimento acaba por desaparecer” colocando essas aves também em risco. “Existem ainda outros problemas, aves que estão a migrar como o Milhafre Real ou o Milhafre Preto, que para além da exaustão quando chegam ao Alentejo encontram alimento envenenado”.

Na opinião de Fábia Azevedo, a atividade criminosa “não só o veneno, o tiro também tem sido um problema, mesmo com espécies que não são migradoras, como é o caso da Águia Imperial”. No entanto a bióloga recusa atribuir responsabilidades ás atividades cinegéticas, “porque, as pessoas todas tem acesso tanto a armas como a venenos ilegais”.  

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