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Quinta-feira, Março 28, 2024

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Baixo Alentejo tem única colónia de aves do país, saiba tudo aqui!

A única colónia urbana de peneireiros-das-torres a nidificar em Mértola. Estas aves, acostumadas a nidificar em edifícios antigos, como castelos, sofreram com a reabilitação destes espaços, que os deixaram sem as fendas e buracos que usavam como casa. Para resolver o problema, foram colocadas caixas-ninho e construídas paredes de nidificação, conforme avançado pelo tribuna alentejo.

Carlos Carrapato, do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), numa das visitas aos ninhos encontra quatro ovos numa caixa-ninho. “Temos aqui uma postura de reposição. Esta espécie faz uma primeira postura no princípio de maio e os ovos eclodem no final. Por algum motivo, essa postura não funcionou e fizeram uma nova”, explica o biólogo.

O desaparecimento de locais para nidificação não é o único obstáculo a esta espécie: em Mértola, muitos campos de cereais foram substituídos por matos ou florestas e os peneireiros-das-torres de Mértola  têm de percorrer distâncias de cerca de três quilómetros para encontrarem alimento, para eles e para as crias.

As aves mais jovens são anilhadas por Carlos Carrapato, para que no futuro seja possível seguir o trajeto das aves, permitindo assim a recolha de informações sobre as que nasceram em Mértola.

O biólogo adianta ainda que “a colónia de Mértola foi a maior do país, com quase 80 casais. Agora temos 16. No ano passado eram 15 e este ano temos 16”. A monitorização da espécie por parte da LPN também aponta para algum otimismo: “a população tem continuado a aumentar ligeiramente. Temos mais ou menos 500 casais no país, com a ZPE [Zona de Proteção Especial] de Castro Verde a ter o maior número de colónias e casais, entre 70% a 75% do total. Embora o aumento não seja muito significativo, a espécie tem conseguido manter-se”, disse Rita Alcazar.

Se tudo correr bem, hão de deixar as caixas-ninho e partir com os pais para os campos onde, durante algumas semanas, vão aprender a caçar e a alimentarem-se sozinhos. Depois, inicia-se a viagem até África, entre finais de julho e meados de fevereiro.

É nessa altura que o ICNF e a LPN aproveitam para limpar e restaurar as caixas-ninho, deixando-as prontas para o regresso, no final do Inverno do próximo ano. Nessa altura, pode ser que esteja já aprovado e a funcionar um projeto-piloto do ICNF que pretende diminuir as dificuldades de alimentação que a espécie enfrenta: a manutenção de um campo destinado a estas e outras aves estepárias.

“Nós vamos pagar a compra das sementes do cereal para um campo de 30 hectares, com a contrapartida de que não será ceifado. Já temos um manifesto de interesse assinado com o proprietário”, diz Ana Cristina Cardoso.

Noutros campos onde exista a nidificação de espécies como as abetardas, os proprietários vão receber também um pagamento para deixarem intacto um hectare em redor dos ninhos detetados. Apoiado por fundos europeus, a expetativa é que o projeto com o prazo de dois anos seja aprovado ainda em 2021.

Foto créditos:naturlink

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