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Quinta-feira, Março 28, 2024

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Bordado nisense perde qualidade e genuinidade quando as noivas deixaram de fazer enxoval

De tradição muito antiga, sendo embora a sua origem impossível de datar com rigor, os bordados de Nisa chegam até nós devido a um arreigado tradicionalismo das gentes locais, com principal ênfase no respeito pelos costumes do casamento: a cama da noiva, a que se dava o nome de cama grave, era normalmente adornada com colchas, cobertores, lençóis e toalhas, a maior parte das vezes produzidas pela própria, e que faziam o seu orgulho, as delícias dos visitantes, e a inveja ingénua das moças casadoiras.
Mas se até meados do século XX, era em casa das Mestras (na sua maioria mulheres idosas e exímias bordadeiras, que ensinavam a arte enquanto davam vazão às encomendas) que as meninas aprendiam este labor, logo após a saída da escola, a mudança de hábitos de vida, com o aumento da escolaridade obrigatória e a possibilidade de continuar os estudos, retirou-lhes tempo para a confecção do enxoval e para a longa e laboriosa aprendizagem envolvida nesse processo secular.
Sem aprendizes, logo sem ajudantes, a arte das bordadeiras foi-se assim perdendo, por não ser mais rentável. E com ela a qualidade ancestral dos Bordados de Nisa, que passaram revestir-se de elementos decorativos cada vez menos cuidados e morosos, elaborados muitas das vezes através de fabrico mecânico. Ora, juntando a isto o facto de as encomendas exteriores, trazidas pelas “senhoras”, se basearem cada vez mais em desenhos importados das revistas da moda, se possível estrangeiras, o bordado nisense foi perdendo alguma qualidade e genuinidade que lhe conferiam a beleza e a riqueza artística inestimável de outros tempos.
 

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