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“Carlos Portas foi um dos executores da reforma agrária que permitiu a nossa integração na UE”, diz Capoulas Santos (c/som)

O Salão Nobre da Câmara Municipal de Vila Viçosa, recebeu no passado domingo, 15 de dezembro, pelas 15h30 a apresentação do livro “Histórias da Minha Vida”, da autoria de Carlos Alberto Martins Portas.

Luís Capoulas Santos, antigo Ministro da Agricultura foi um dos intervenientes da sessão, que aos microfones da RC refere que “o professor Carlos Portas é uma personalidade difícil de descrever, mas que teve uma vida multifacetada na política, na militância católica, na academia”.

Para Capoulas Santos, o professor é “alguém que vem da burguesia rural alentejana, mas que tem um percurso de grande coerência na política, procurando sempre colocar a sua capacidade ao serviço da nossa sociedade”.

O antigo Ministro lembra que “no mundo académico é muito reconhecido numa área que ele abraçou, a horticultura, muito particularmente nas questões da cultura do tomate”, acrescentando que “na política teve um percurso notável quer na política nacional quer no plano autárquico”.  

Nas questões políticas, “o aspeto mais marcante da sua vida tem que ver com as funções de secretário de estado, onde foi o executor da lei da reforma agrária, que procurou estabelecer a titularidade e a posse da terra, sem a qual não teria sido possível a nossa integração na União Europeia”, considera Capoulas Santos.

Luís Capoulas Santos lembra os “períodos muito conturbados e muito difíceis que hoje são retratados nesta obra”, acrescentando que “lembro-me que até no dia de Natal estavam dois guardas junto da residência do professor para garantir a sua segurança”.

Questionado pela RC sobre as marcas mais amargas que a reforma agrária deixou, Luís Capoulas Santos refere que “o tempo já as apagou, no entanto, são episódios que marcaram um período político da nossa história em que estava em jogo a democracia”.

“A reforma agrária foi um acontecimento do período revolucionário e tem de ser lida nesse contexto”
Capoulas Santos

Para Capoulas Santos “o país ultrapassou essa época sem traumas, a prova disso é que hoje não discutimos a titularidade e a posse da terra, mas sim qual o modelo de agricultura competitiva devemos utilizar”.

O livro “Histórias da Minha Vida”, “retrata a vida de uma personalidade notável e é também do ponto de vista histórico e sociológico uma enorme relevância”, afirma.

Luís Capoulas Santos conta que “o Prof. Carlos Portas foi o meu primeiro patrão”, lembrando a “altura em que terminei a minha licenciatura e que foi criada a lei 77/77, quando se criaram serviços próprios para a região”.

O ex-ministro explica que “fiz parte desse núcleo inicial e posso dizer que aprendi imenso com o professor Portas”.

Capoulas Santos afirma que “tenho uma enorme divida de gratidão, pois sem essa experiência profissional tenho a certeza que o meu percurso de vida teria sido muito diferente”.

Carlos Portas “foi quem me ensinou tudo sobre a articulação de 2 pilares que frequentemente não se articulam, a ética e a política”.  

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