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Sexta-feira, Abril 26, 2024

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Cientistas portugueses e espanhóis querem combater espécies invasoras que podem causar estragos na Península

Cientistas portugueses e espanhóis identificaram, pela primeira vez, 272 espécies consideradas potencialmente invasoras em águas interiores de ambos os países, o que irá levar a criação de sistemas de alerta e erradicação precoce, a fim de evitar o caos ecológico e económico. As espécies são identificadas na publicação “Lista de espécies exóticas potencialmente invasoras na Península Ibérica 2020”, disponível hoje em português, espanhol e inglês no site do projeto europeu Life Invasaqua, impulsionador desta investigação.

Estas espécies já se encontram na fase de transporte ou introdução na Península Ibérica, devendo ser consideradas nos sistemas de alerta precoce de Espanha e Portugal. Na maioria dos casos, estas espécies estão a chegar à Península como animais de estimação, para fins ornamentais ou através da aquicultura.

A lista, desenvolvida no âmbito do projeto Ibérico Life Invasaqua, envolve 3 organizações nacionais, a Universidade de Évora, o MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente e a ASPEA – Associação Portuguesa de Educação Ambiental. Trata-se de um processo de avaliação sistemática e do consenso de 60 especialistas de mais de 30 instituições diferentes em Espanha e Portugal, que pretende ser a base para a prevenção e alerta precoce por parte das administrações de ambos os países, bem como para promover a cooperação transnacional nesta área.

Em simultâneo, o Life Invasaqua publicou também a “Lista de espécies exóticas aquáticas da Península Ibérica 2020”, fruto do trabalho do referido grupo de especialistas. A lista conta no total com 306 espécies introduzidas nas águas interiores peninsulares, das quais 200 estão estabelecidas ou naturalizadas nos sistemas aquáticos de água doce e estuários da Península Ibérica, o que ameaça o ambiente e a economia. 

Os peritos constataram que das306 espécies exóticas apenas menos de 40% se encontra na lista europeia ou nas listas nacionais de Espanha ou Portugal, o que implica que a detenção ou comercialização de espécies não incluídas nestas listas ainda é permitida. Os grupos mais representados nestas 306 espécies são vertebrados, crustáceos e moluscos; porém, as plantas aquáticas exóticas também são em número elevado. Estes grupos representam mais de 70% das espécies estabelecidas. Além das espécies invasoras mais emblemáticas, como o vison-americano, o peixe-gato-europeu, o mexilhão-zebra ou o jacinto-de-água, esta lista inclui também outras espécies menos conhecidas, mas que constituem um problema, como o coipú, a rã-de-unhas-africana, a perca-sol, o caranguejo-sinal, a amêijoa-asiática ou a azola.

Segundo estudos recentes, no continente europeu e, consequentemente, também em Espanha e Portugal, observa-se um aumento preocupante dos problemas ecológicos e económicos associados às espécies exóticas invasoras. A identificação de espécies exóticas presentes ou potencialmente presentes num país insere-se na base de medidas de deteção precoce e de resposta rápida, pelo que o Life Invasaqua se tem centrado na elaboração e publicação destas listas, que são uma ferramenta essencial para técnicos e gestores.

Estas listas são ferramentas para compreender e gerir as vias de introdução de espécies exóticas em sistemas de água doce e estuários, bem como para comunicar a dimensão do problema a todas as autoridades e partes interessadas relacionadas diz Spyridon Flevaris, Chefe de Políticas de Biodiversidade da Comissão Europeia. Estas duas listas servirão de base para o acompanhamento da implementação do objetivo da Estratégia da UE para a Biodiversidade até 2030 para combater espécies exóticas invasoras (EEI) e para a implementação de outras diretivas europeias (Habitats e Aves, Água e Estratégia Marinha).

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