Foi hoje publicado, na página oficial da Direção gerald e Saúde, o estudo “Linhas Vermelhas – Epidemia de infeção por SARS-CoV-2”, um documento que pretende orientar a definição de “Linhas Vermelhas” e apoiar uma resposta eficaz às diferentes fases da epidemia em Portugal.
O documento foi realizado por peritos da Direção-Geral da Saúde (DGS), Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e Comissão de Acompanhamento da Resposta Nacional em Medicina Intensiva para a COVID-19.
Os autores definem o que se considera ser uma epidemia controlada, mostrando os meios para o conseguir.
Conforme pode ler-se no documento, “a definição de “Linhas Vermelhas” é baseada em indicadores quantitativos e respetivos valores de corte, que permitam a cada momento propor uma melhor resposta às diferentes fases da epidemia em Portugal, através de instrumentos de monitorização objetivos para a ação e para a prevenção de um descontrolo epidémico. “
Os principais indicadores propostos são a incidência cumulativa a 14 dias por cem mil habitantes, o Rt (reprodução da infeção em tempo real) e o número de camas ocupadas em unidades de cuidados intensivos por doentes COVID-19, a que se juntam outros indicadores secundários como a positividade dos testes ou a relevância das variantes do vírus.
O objectivo é que o primeiro seja inferior a 60 (o valor crítico fixou-se nos 240) e o segundo inferior a 1. Estes valores devem ser cruzados com o número de camas ocupadas em medicina intensiva por doentes covid-19.
Os peritos consideram que as camas existentes nos cuidados intensivos “depois de Março de 2020 – e que podem permanecer abertas sem perturbar a actividade não relacionado com a covid-19 – não devem ter uma taxa de ocupação com doentes superior a 85%”. Adoptando esta taxa, o número total de doentes covid-19em UCI deve permanecer abaixo de 245.
Na avaliação da situação epidemiológica deve ainda entrar um grupo de indicadores secundários: a percentagem de positivos entre as amostras testadas; a percentagem de casos e contactos isolados e rastreados nas primeiras 24 horas após a notificação; a percentagem de casos confirmados notificados com atraso; o aparecimento e propagação de Variantes de Preocupação.
Partindo destes indicadores, o risco é definido em dois cenários: epidemia em crescimento ou em decréscimo, sendo cada fase acompanhada por alívio ou implementação de medidas de saúde públicas adicionais.
De referir que este, foi um dos estudos que apoiou a decisão para o plano de redução das medidas de confinamento, aprovado pelo Governo esta quinta-feira, 11 de março.
Os indicadores apresentados devem ser de ampla divulgação pública, assim como os níveis de risco e “linhas vermelhas” que orientam a implementação de medidas de saúde pública. E devem ser facilmente apreensíveis pela população geral, para facilitar a partilha de objetivos comuns e a adoção voluntária de medidas por parte da população perante a perceção de risco aumentado.