Entrevistado pela Campanário, o presidente da CERSUL - Agrupamento de Produtos Cereais do Sul, Luís Bulhão Martins, falou do impacto da globalização no mercado dos cereais, considerando que “há dez anos que temos política que não é favorável aos cereais” nacionais, pois “os mercados são cada vez mais difíceis, mais instáveis, mais profissionalizados, mais difíceis de gerir e de reagir, por parte de empresários de modesta dimensão”.
Bulhão Martins explica “quem está bem nos mercados globalizados são as multinacionais”, que se “deslocalizam de um lado para o outro” e que “transferem produtos, produções e centros de fabrico de um lado para o outro, consoante as condições são mais ou menos favoráveis”. Algo totalmente diferente do que acontece com as penas e médias empresas, para quem “é muito difícil”.
Ainda assim, com a abertura de grandes mercados como a China, “com uma grande procura”, os produtores “esperam sempre que essa procura se mantenha”, sobretudo “constante”, e que “dê alguma perspetiva ao negócio e que os preços subam”.
Outras questões comerciais a ter em conta, com os mercados abertos e a globalização, são os “problemas da saúde, da segurança alimentar, que para os remover é preciso imenso trabalho dos governos” e “imensa persistência de modo a favorecer as empresas”, evidência o presidente da CERSUL.
Ao mesmo tempo, Bulhão Martins afirma que também os problemas das Alterações Climáticas devem ser discutidos “à escala global”, caso contrário “não vale a pena”.
Por outro lado, “as políticas do passado” conduziram “ao não fomento da produção nacional e o fomento da importação”. Foram “políticas que a gente agora vai pagar caro”, tendo criado uma “deslocalização total da produção e da indústria que compra à produção”.
Pois “é tão caro trazer uma tonelada de trigo dos EUA ou de França, para o Porto, do que de Beja ou de Elvas para lá”, afirma o presidente da CERSUL. “Por outro lado, nós destruímos uma rede de transportes de mercadorias”, ou seja, “aniquilámos o caminho de ferro nas regiões do interior” como a “única forma de transportar [cereais] de forma económica”, o que “aumenta os nossos custos de distribuição dos nossos produtos”.
Por isso “um industrial do norte vê com muito maus olhos o cereal de Beja ou de Serpa, uma vez que tem cereal importado (…) com um custo de transporte mais baixo”.
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